Coletiva de O Gato de Botas com Antonio Banderas e Salma Hayek no Rio

Foto de Christiano Rubin.

Foi na animação Shrek 2 (2004) que o Gato de Botas deu as caras pela primeira vez. Surgiu pegando carona na inusitada proposta de subverter os contos de fadas e ganhou o público com seu infalível “olhar de inocência”. Era só um personagem coadjuvante, mas agora é o protagonista de seu próprio filme, O Gato de Botas (Puss in Boots, 2011). E, para divulgá-lo, os atores Antonio Banderas e Salma Hayek, acompanhados do diretor Chris Miller e do produtor Jeffrey Katzemberg, estiveram em uma coletiva de imprensa no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Na entrevista, que durou cerca de quarenta minutos, eles falaram sobre suas participações e experiências na animação, Banderas e Hayek dublam os protagonistas, e demonstraram bastante simpatia para responder as perguntas dos jornalistas. Os dois atores, naturalmente, foram os mais visados.

Segundo Banderas, a ideia para um filme solo do Gatos de Botas veio durante a produção de Shrek. O ator dubla o personagem desde sua estreia e é um dos grandes responsáveis pela fama e carisma do bichano. “Eu fui criando grande parte do conceito por trás do personagem nas dublagens. Tínhamos algo pequeno e fomos criando uma interação entre voz e corpo e acrescentando toques de comédia”, ele disse. Ainda de acordo com o ator, o Gato de Botas é um personagem divertido de fazer — “Ele é cheio de facetas. É um pouco canalha e sem vergonha. Eu gosto muito dele e estou com ele há quase 10 anos”. Ele ainda frisou que é um personagem diferente em sua carreira e que ele acha muito bom trabalhar em papéis diversificados, considerando que Banderas já atuou com vários diretores renomados, como Woody Allen, Steven Soderbergh e Pedro Almodóvar. Sobre sua última parceria com Almodóvar no longa A Pele Que Habito (2011), Banderas brincou — “Eu espero que o filme de Almodóvar não afete minha vida e minha imagem. Se não, vou ter que aparecer aqui com uma tesoura e vai ser assustador”.

Já Hayek estreou no mundo da dublagem com a gata Kitty Pata-Mansa, parceira do Gato de Botas no filme, e considerou a experiência difícil, mas gratificante — “Eu estava assustada porque não tinha referências, mas o diretor me ajudou e me estimulou a criar a personagem e seus maneirismos usando minha própria criatividade e improvisação. Eu e Antonio treinávamos muito juntos e nos contestávamos o tempo todo e assim fomos criando a relação entre a minha gata e esse gato aí (apontando para Banderas). Foi divertido e eu gosto muito de brigar”, brincou a atriz. Hayek também expressou o que mais gostou em sua gatinha e a mensagem que ela passa para as mulheres de hoje — “Kitty é uma personagem feminista. É forte e tem confiança em si mesma. É uma heroína boa com a espada e que não espera um herói para salvá-la. Ela é quem salva o herói. Nas novelas mexicanas, os homens sempre vêm salvar a gente, mas Kitty não é de chorar, não é melodramática como nas novelas. E ainda assim, é feminina. Na vida real, são as mulheres que sempre salvam os homens”.

A questão do 3D também entrou em pauta e, mais uma vez, foi mencionada a importância do Brasil para o mercado cinematográfico. De acordo com o produtor Jeffrey Katzemberg, “o 3D evoluiu muito nos últimos três anos e introduziu uma grande qualidade nos filmes. Mas, ainda há filmes que não usam esta qualidade e a audiência reclama porque se sente traída. Temos que respeitar a audiência. Grandes cineastas como Steven Spielberg e Martin Scorcese têm usado e, por isso, acredito que tenha potencial para crescer mais”. Ele aproveitou para comentar do Brasil — “A audiência do Brasil, especialmente com relação ao 3D, ainda vai crescer muito. Estamos aqui por causa disso, porque o Brasil está se tornando um dos maiores mercados em termos de cinema e está ganhando visibilidade lá fora”.

Antonio Banderas também quis deixar claro que O Gato de Botas não é uma continuação de Shrek, mas um universo diferente e que tem identidade e estilo próprios. Porém, um detalhe que chama a atenção no filme é o distanciamento do conto original criado pelo francês Charles Perrault em 1697. Como era no caso de Shrek, os responsáveis pela animação optaram por subverter o conto de fadas e misturá-los em sua história. O diretor Chris Miller comentou esta opção — “Desde Shrek, o personagem foi criado para ser uma nova versão do Gatos de Botas. Nós levamos em conta a performance de Antonio Banderas para desenvolvê-lo. Não nos prendemos ao original. Queríamos um personagem diferente e divertido”. Salma Hayek, sempre irreverente, foi mais sucinta — “Um é francês, o outro é espanhol”, disse entre risos. Miller apenas corroborou — “É uma forma curta de explicar”.

De fato, o novo longa apresenta uma nova mitologia para um dos personagens mais adorados das animações e ainda nos conta um pouco mais de seu passado. O Gato de Botas estreia dia 9 de dezembro nos cinemas brasileiros.