Muitos de vocês conhecem o Jetfire do filme Transformers: A Vingança dos Derrotados, em que ele era um cybertroniano muito velho (a ponto de usar o trem de pouso dianteiro de seu modo alternativo como bengala) que abandonou os Decepticons por ser contra a guerra e passou para o lado dos Autobots. Porém, o personagem é bem mais que isso e eu gostaria de falar dele um pouco.
A história do Jetfire começa quando Bob Prupis, um dos membros da equipe de marketing original da linha Transformers, durante uma visita a uma feira de brinquedos na Ásia, passou pelo estande da Bandai e se encantou com o Macross VF-1S Super Valkyrie. Após algumas negociações com o pessoal da empresa, Prupis conseguiu adquirir os direitos para lançar o VF-1S Super Valkyrie na linha Transformers norte-americana. Quem iria imaginar que um brinquedo produzido pela Bandai, a maior concorrente da Takara (detentora dos direitos dos Transformers no Japão), faria parte da linha de brinquedos dos robôs vindos de Cybertron?
A Hasbro, então, decidiu criar um personagem em cima do Super Valkyrie e inclui-lo na série animada para alavancar as vendas e é aí que o caldo começa a engrossar. Pelo fato da Takara ter planos para lançar a série animada no Japão, os executivos da empresa japonesa não gostaram da ideia de ter um produto da concorrência aparecendo no desenho dos Transformers. Por conta disso, tiveram que mudar o visual do personagem completamente para a animação, assim como seu nome, que passou a ser “Skyfire”, uma vez que o “novo visual” não lembrava em nada o brinquedo que estava sendo vendido nas lojas dos Estados Unidos. A razão de tal divergência é que Jetfire é baseado numa aeronave da série animada Robotech, baseada na saga do anime Macross, produzida pela Bandai e que estava ficando bem popular no Japão na ocasião. Como a Bandai tinha vendido os direitos do VF-1S para a Harmony Gold, a Takara ficou proibida de usar no Japão o visual do personagem na série animada e vender o brinquedo nas lojas. A Hasbro, entretanto, só ficou com o direito de vendas nos mercados americano e inglês.
A primeira aparição de Jetfire… ou melhor, Skyfire, na série animada foi no episódio “Fogo no Céu” (Fire In The Sky) da primeira temporada. Os Decepticons estavam no Ártico, drenando energia do núcleo da Terra para produzir cubos de energon, o que fez com que a temperatura do planeta caísse absurdamente, gerando um efeito completamente inverso do já conhecido aquecimento global. Durante as escavações, acabam encontrando o corpo de Skyfire desativado e congelado, que é imediatamente reconhecido por Starscream. Antes da guerra, ele e Skyfire vieram à Terra numa missão de exploração e reconhecimento (período coincidente com nossa Era Glacial) e, devido a uma tempestade de neve, Skyfire perdeu o controle de voo e acabou soterrado.
Os Decepticons trazem Skyfire de volta à vida e ele, em consideração a Starscream, resolve se unir à facção liderada por Megatron. Quando os Autobots chegam ao Ártico, Skyfire os ataca e captura os humanos Sparkplug e Spike Witwicky. Entretanto, quando Megatron e Starscream ordenam que Skyfire execute os terráqueos, ele não concorda e passa a apoiar a causa Autobot, já que ele, como já havia dito no episódio, “é um cientista e não, um carrasco.” Skyfire chega a aparecer em outros episódios, servindo mais como transporte aéreo para os Autobots do que necessariamente utilizando seus conhecimentos científicos para ajudá-los.
Nos quadrinhos da Marvel, a história de Skyfire… ou melhor, Jetfire, é um pouco diferente. Sua primeira aparição é na revista Transformers #11 publicada pela Marvel com a data de capa de Dezembro de 1985 (no Brasil saiu pela Editora Rio Gráfica em Setembro de 1986). Na história, o Decepticon Shockwave tinha Optimus Prime como prisioneiro. Ele construiu o corpo de Jetfire e queria que o líder dos Autobots concedesse vida ao robô utilizando sua Matriz de Criação; porém, mal sabia ele que Prime havia transferido a tal Matriz para a mente do humano Buster Witwicky. Após descobrir a manobra de Optimus, Shockwave envia Jetfire (programado como um drone) atrás de Buster, que após um confronto direto com a ajuda dos Autobots Bumblebee e Bluestreak, passa a controlar o gigante. Jetfire só ganha vida mesmo duas edições depois, quando se filia aos Autobots.
Atualmente os quadrinhos dos Transformers são publicados pela editora IDW nos Estados Unidos e, em sua continuidade, Jetfire tem a faceta como cientista completamente em evidência. Ao contrário dos quadrinhos da Marvel e da série animada, desde o início da guerra, ele sempre esteve ao lado dos Autobots.
Jetfire, apesar das controvérsias, é um dos personagens mais populares do universo Transformers, tanto que teve versões não só no universo dos filmes live-action, como também nas séries conhecidas como Trilogia Unicron (Transformers Armada, Transformers Energon e Transformers Cybertron) e na série Transformers Animated (Transformers: A Nova Geração, exibida pelo Cartoon Network e que pode ser encontrada no Netflix). Como o foco desta coluna é a série clássica, um comentário sobre estas outras versões fica para outro dia.
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