Desalma

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Desalma (2020), Ana Paula Maia.

Eu já gostava da Ana Paula Maia pelos livros. Já li alguns e são muito bons. Secos, crus, diretos e retos. Gosto do estilo dela. Quando eu soube que ela estava escrevendo uma série, fiquei bastante interessado. Então a série estreou e eu vi. E fiquei MUITO empolgado!

Desalma está na Globoplay. É um suspense psicológico misturado com horror sobrenatural que se passa na cidade de Brígida, no interior de Santa Catarina, que foi formada por ucranianos que vieram para o Brasil. Por isso, é muito focada na cultura ucraniana.

Toda a mitologia eslava do cenário é uma grande sacada para o clima místico assustador da história, te deixa um pouco mais tenso e te faz sentir aquele calafrio de um bom suspense sendo construído. Há toda uma atmosfera supersticiosa típica de cidades do interior. A própria Ana Paula Maia teve a ideia durante o período em que ficou em uma cidade interiorana de descendentes de ucranianos, Prudentópolis.

A história tem uma boa dose de mistério, sabe colocar bons ganchos, e tem personagens bem desenvolvidos, com destaque para as atrizes principais. Cássia Kis, Claudia Abreu e Maria Ribeiro estão muito bem em seus papéis. A bruxa da Cássia Kis, Haia, é macabra e envolvente, com uma história intrigante ligada ao passado. E a Claudia Abreu é um show à parte como uma mãe tentando lidar com o filho bizarro que parece o Damien de A Profecia.

Um grande elemento da trama é um festival tradicional da cultura ucraniana, a Festa de Ivana Kupala, em duas épocas diferentes. Em 1988, quando uma garota foi assassinada durante a festa, o que mudou toda a cidade e o próprio festival foi banido. E na época atual, 2018, quando o festival será feito novamente e o povo da cidade está com medo do que pode acontecer durante a festa.

A série nos apresenta os personagens em 1988 e trinta anos depois, mostrando toda a complicada dinâmica entre as famílias da cidade, os mistérios e segredos, e a realidade de que não há inocentes em Brígida. Ao mesmo tempo, vai trabalhando seus conceitos sobrenaturais, que são atrelados à mitologia eslava e assombrações. Alguns aspectos lembram um pouco a série polonesa The Woods, da Netflix.

Eu gostei muito de Desalma. Gostei da forma como foi construída, da fotografia, da atmosfera e das atuações. Por isso, favoritei. E já é uma das minhas histórias favoritas da Ana Paula Maia.