Duna 2 (2024), Denis Villeneuve.
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Definitivamente, o grande épico de Denis Villeneuve. O diretor começou adaptando a primeira metade do romance de 1965 de Frank Herbert e continua com uma Parte Dois espetacular de maravilhosa. É um filme realmente incrível que consegue adaptar em toda a sua magnitude essa história que já tentou ser adaptada algumas vezes.
Sou extremamente fã de Duna. Eu cresci lendo o livro, que abriu muito a minha cabeça para as diversas possibilidades da ficção científica, da fantasia e da ficção especulativa como um todo. Na verdade, Duna ajudou muito na minha formação como leitor. É um livro muito criativo que fala sobre temas poderosos como guerra, fanatismo religioso, a exploração do meio ambiente, a tentativa de colonização de povos nativos de um local e toda uma luta política envolvendo essas questões através da ótica da ficção científica espacial. Sou um fã no nível da pessoa que assistiu ao filme do David Lynch, que não é um grande filme. Pensado para ter três horas de duração, acabou ficando com a metade disso e não ficou tão bom, apesar de ter as suas particularidades. O filme foi feito lá nos anos 80 e foi bastante exibido na televisão ao longo dos anos 90. Sou muito fã da série para televisão que estreou nos anos 2000. A minissérie adaptou muito bem a história de Duna, com efeitos visuais muito bons para a época. E depois teve uma minissérie de continuação, Os Filhos de Duna, que adapta o segundo e o terceiro livros e que foi exibida na época no canal da Fox, que foi como eu assisti. Além disso, eu honestamente assistiria ao filme que o Alejandro Jodorowski tentou fazer nos anos 70, que teria 14 horas de duração e que eu assistiria sem a menor dificuldade. Mas o filme do Jodorowski, com todo o potencial que tinha e todo o grande elenco que teria, acabou não saindo. No fim das contas, durante muito tempo, houve uma percepção de que Duna era uma história infilmável... até agora.
O primeiro filme é muito mais denso, focado na construção do mundo. Com este segundo filme, Villeneuve não precisa mais tanto se preocupar em construir o mundo. Por isso, vai direto ao que interessa, apresentando toda a atmosfera de guerra, fanatismo e construção política e filosófica que transformou o livro Duna num grande clássico e que já está facilmente transformando esta Parte Dois num grande clássico.
A sensação que eu tive ao sair do cinema, eu facilmente comparo a sensação que eu tive quando eu saí de Senhor dos Anéis: As Duas Torres ou de Batman: O Cavaleiro das Trevas. Não obstante, eu também poderia facilmente comparar este filme à emoção de assistir ao Império Contra-Ataca de Star Wars. Todos esses filmes são sequências e Duna 2 é definitivamente uma grande sequência, que consegue captar toda a emoção do livro de uma maneira visualmente deslumbrante e impactante.
Duna 2 é tão inóspito e brutal quanto Arrakis. A história continua a trama política envolvendo a Família Atreides, devastada no primeiro filme pela Casa Harkonnen. Paul Atreides acaba se refugiando com sua mãe no deserto junto com o Povo Fremen, onde ele começa a aprender os costumes dos Fremen para organizar sua vingança e retomar o poder contra a Casa Harkonnen. Paul é um personagem bastante trabalhado nesse filme. Ele sai de um príncipe mimado, com poucas habilidades e que ainda está aprendendo a lutar, para um grande guerreiro e líder que move diversas pessoas através de uma profecia na qual ele é uma espécie de messias, o Lisan al Gaib. A profecia é bastante fortalecida pela própria mãe dele, Lady Jessica, que é transformada aqui na Reverenda Madre do Povo Fremen e acaba ganhando um forte poder religioso. Ela ajuda bastante na construção da imagem do filho.
O elenco, aliás, é fenomenal. Timothée Chalamet passa bem toda a transformação do Paul Atreides. A Lady Jessica da Rebecca Ferguson é perturbadora e fria de uma maneira que é transmitida só através do olhar e dos trejeitos. Ela é muito intensa na construção de sua personagem. A Zendaya também é extremamente envolvente na personagem Chani, a Fremen que se envolve com Paul Atreides. Ela também é uma personagem muito forte na história. A Zendaya é outra que é uma grande atriz e passa muito bem todo o poder de sua personagem.
Um destaque vai também para Austin Butler, que interpretou o Elvis no cinema e que aqui faz o Feyd-Rautha, o sobrinho psicopata do Barão Harkonnen. É um personagem muito impressionante dentro da história, com toda sua psicopatia e crueldade. Ao mesmo tempo, ele é uma espécie de lâmina afiada na história. O ator facilmente passa todo o impacto do personagem, que é uma espécie de antagonista para o Paul Atreides.
Cabe ressaltar também a participação da Florence Pugh como a Princesa Irulan, que no início do filme apresenta um diário contando uma parte da história do primeiro filme, fazendo uma apresentação dos acontecimentos até chegar ao momento de Duna 2. Ela é uma personagem que tem importância para a história, apesar de não aparecer tanto, e que vai ter uma importância muito grande se essa história continuar em um vindouro terceiro filme, já que existe a possibilidade de uma Parte Três.
Denis Villeneuve quer adaptar O Messias de Duna, uma história que é uma espécie de fechamento de ciclo para a trajetória do Paul Atreides, mas que também apresenta diversos outros personagens e contribui muito para a grandiosidade do universo de Duna. Alia, a irmã de Paul, não teve uma grande participação neste segundo filme por causa de algumas mudanças que o Villeneuve decidiu fazer para a história, boas mudanças que funcionaram muito bem para o filme. A Alia provavelmente será mais desenvolvida no terceiro filme que pretende adaptar O Messias de Duna, uma vez que no livro a Alia tem um papel maior e fundamental para a história.
Todas as escolhas do Villeneuve para a Parte Dois se provam acertadas e tudo no filme é muito bem-construído e grandioso para contar sua poderosa história sobre guerra. O impacto é ainda maior com a trilha sonora estrondosa de Hans Zimmer e o visual impressionante, que passa todo o poder e magnitude de um grande épico. Duna 2 é imersivo e arrasador.
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