Video Games Live 2011

VGL

Mais um ano. Mais um Video Games Live. Porém, neste ano, o evento veio com um gostinho diferente. Um palco diferente. Outrora realizado na famosa (e, por enquanto, extinta) casa de shows Canecão, em 2011, o VGL teve que procurar um novo lugar que pudesse comportar todo o seu público sedento por ouvir as canções que embalaram muitos de seus dias e noites na frente de um videogame. E que lugar melhor do que o mesmo cenário do Brasil Game Show. Uma feira de games. Um concerto de games. Tudo a ver.

No começo, houve alguma preocupação. O auditório do Centro de Convenções Sulamerica (que é gigantesco, por sinal) tinha um bom espaço, mas não tinha uma boa acústica. E isso dava para perceber nas palestras que aconteceram durante o BGS. Pela primeira vez nos últimos seis anos, realmente não dava para saber o que esperar do Video Games Live. Eram muitas novidades de uma vez só. A proposta de colocar os dois eventos no mesmo local teve ainda um ponto muito positivo a favor dos fãs, pois eles não precisavam se deslocar entre lugares distantes um do outro e era possível arrumar ingressos para o VGL na própria BGS. O show conseguiu se adaptar as novas circunstâncias e manteve seu nível e tradição usuais. Apesar da atmosfera aparente de improviso (provavelmente, por causa dos motivos supracitados), o VGL foi um sucesso e encerrou com chave de ouro a semana de games do Rio de Janeiro, afinal, foi também o fechamento do Brasil Game Show.

Tommy Tallarico, o homem por trás do VGL, como de praxe, comandou a festa. Ele deu início às apresentações e aparecia de vez em quando para tocar algumas músicas. Não há como negar que o cara tem carisma. Sempre entusiasmado, Tallarico falava, falava e falava e incentivava os fãs a acompanharem ele e os convidados em cada música. Apesar da mudança de casa, dava para perceber que não houve mudança de concepções. O VGL 2011 não deveu em nada para os anos anteriores. Mesmo o cansaço do público depois de horas e horas andando por stands do BGS foi rapidamente suprimido pela animação do show.

A abertura, com uma coletânea de músicas de Street Fighter 2, foi empolgante, com direito a homenagem ao produtor da Capcom, Yoshinori Ono, que foi convidado do Brasil Game Show. Enquanto a música tocava, cenas do Blanka arrebentando seus adversários surgiam no telão, desta vez, numa homenagem ao Brasil, terra adorada por Tallarico, segundo as próprias palavras do compositor. Depois deste início, vieram os convidados — todos, participando pela primeira vez do VGL no Rio. Wataru Hokoyama, o primeiro a surgir no palco, era não só um dos convidados especiais como também o maestro regente da Orquestra Simphonica Villa-Lobos. Inicialmente, Hokoyama tocou músicas da trilha sonora do game Afrika, que é pouco conhecido do público e, segundo o próprio compositor, não foi bem nas vendas. Vendo as imagens de Afrika no telão, dá para entender por que o jogo não foi bem… tirar fotos de animais na África, sério?! Parece mesmo chato pra caramba! Mas as músicas são até divertidas, embora não tenham despertado muito empolgação num público que, obviamente, não as conhecia. Afrika foi… tipo… o Advent Rising deste ano (se você assistiu ao VGL 2010, sabe do que estou falando). A animação veio quando Hokoyama partiu para seu jogo mais famoso: Resident Evil 5. Este sim… todos conheciam, e isso fez diferença.

A segunda convidada foi Laura Intravia, apresentada sem surpresa para o público. Foi só Tallarico começar a falar da convidada e todo mundo sacou quem era — como ele mesmo disse, a internet acaba com todas as surpresas, pois todos já viram a menina no YouTube. Intravia ficou famosa, especialmente na internet, por tocar temas de videogames com uma flauta e ganhou o apelido de “Flute Link”. A flautista — bastante graciosa, devo dizer — deu um show à parte. Nos bastidores, tive o prazer de conhecê-la e, além de bonita e talentosa, ainda é simpática a menina. Eu e o Christiano Rubin (que estava lá tirando as fotos), obviamente, aproveitamos a chance para tirar uma fotinho com ela.

Outro convidado foi Russel Brower, compositor da Blizzard Entertainment, que trouxe músicas de jogos clássicos da empresa, como World of Warcraft e Starcarft 2. Quando Brower subiu no palco, juro que fiquei esperando ele pegar uma guitarra e mandar um heavy metal pesadão ali… o cara parece o vocalista do Motörhead! No caso de WoW, ainda foi anunciado que o jogo, enfim, receberia uma versão totalmente adaptada para o Brasil e, no telão, foram exibidas algumas imagens do jogo com a dublagem em português. Sinceramente, a dublagem é uma merda e deu vergonha alheia ouvir aquilo — é aquele velho caso das dublagens ruins feitas em Miami, ao invés das boas dublagens feitas direito no Brasil. Para trazer uma dublagem destas, acho que seria melhor deixar o jogo em inglês mesmo… afinal, 99% do público já aprendeu inglês por causa do jogo mesmo, então, que diferença faz?! Mas, enfim, de volta ao show...

A apresentação de Brower foi marcada ainda por uma situação que poucos (talvez) estejam cientes. É um fato que apesar dos pedidos eufóricos da galera pelas canções do jogo Diablo, nada foi tocado. A questão é que Diablo ESTAVA programado no repertório do show (!), mas foi abstraída por alguma razão. Os motivos pelos quais a música não foi tocada não dá para saber ao certo e nem vou ficar especulando o que pode ter sido (sim, na hora do evento, eu fiz algumas especulações). Depois do show, participei da entrevista coletiva com o Tommy Tallarico e, naturalmente, aproveitei para perguntar por que Diablo não tinha sido tocado. De acordo com Tallarico, eles queriam fazer algo que fosse especial e Diablo é uma trilha difícil para adaptar, mas eles estão trabalhando nela e nós a veremos em breve (tipo... em dois dias, brincou o compositor). A expectativa é que Diablo componha o repertório do ano que vem.

Neste momento, você, caro leitor, deve estar se perguntando, como eu posso afirmar com tanta certeza de que Diablo estava na setlist do VGL. Simples… é porque o Nível Épico conseguiu tirar uma foto da setlist que estava no palco antes do show começar (se quiser ver a lista, clique aqui).

O VGL seguiu com uma variedade de músicas inéditas. Realmente, a palavra “ineditismo” foi o mote do show deste ano. Palco novo, convidados novos… muitas músicas novas. Tallarico dizia que estava atendendo aos pedidos do público, que, todo ano, vem com sugestões de novas músicas de games para o ano seguinte. Que ele sempre guarda as sugestões e as avalia para melhorar e atualizar sempre o repertório do show. Entre as novidades de 2011, Pokémon e Mass Effect levaram a galera ao delírio. Também tocaram Castlevania, Metal Gear Solid 3 e uma composição especial de Zelda em comemoração aos 25 anos do game. Para completar as inusitadas novidades do evento, Laura Intravia (aquela linda!) voltou ao palco para uma apresentação especial de Tetris misturada com vocal de ópera. Simplesmente SENSACIONAL!

Além disso, o evento foi marcado também pela interatividade. No entreato, rolou o já tradicional concurso de cosplay, com a vitória este ano da fantasia de Altair (Assassin’s Creed). A também clássica apresentação de Guitar Hero trouxe o melhor jogador (escolhido através de um campeonato) para tocar ao vivo a música The Pretender, do Foo Fighters (e ele escrotizou no game de tão foda que foi!). Tallarico ainda fez contato ao vivo (usando o Skype) com Ralph Baer, criador do primeiro game da história, o Pong. Tommy conversou alguns minutos com Ralph, que falou sobre as referências esportivas que o fizeram ter a ideia de criar o game. Aos presentes, restou a satisfação de ovacionar Ralph Baer e agradecê-lo em uníssono pela diferença que fez para as vidas de todos os fãs de videogames. Foi um momento bonito.

O Video Games Live 2011 encerrou seguindo a tradição. Tallarico, como sempre faz, conclamou o público a acompanhá-lo na apresentação de One Winged Angel, clássica música do personagem Sephiroth, do Final Fantasy VII. Embora não tenha rolado músicas de Final Fantasy neste ano, OWA marcou sua presença, como sempre marca. É o que sempre repito… One Winged Angel é uma das canções mais populares dos games e sua presença no setlist é indispensável. Aliás, tão indispensável quanto a trilha sonora que veio a seguir: Chrono Trigger/Chrono Cross. São jogos que estão no imaginário popular. Por fim, assim como foi no ano passado, Still Alive, de Portal. Porém, desta vez, a música de encerramento foi cantada na voz de Laura Intravia, que fez o público cantar e bater palmas junto. E assim o maior evento de música de games do mundo encerrou com louvor a maior feira de games da América Latina. O Video Games Live foi mais uma vez um sucesso e, agora, fica o gostinho de quero mais e a espera pelas indubitáveis novidades do ano que vem.

Setlist:

1. Street Fighter II

2. Afrika

3. Wesker Battle (Resident Evil 5)

4. Flute Mario (com Laura Intravia vestida de Mario)

5. Vídeo Skype/Entrevista

6. Halo: Reach

7. World of Warcraft: The Burning Crusade (Dark Portal)

8. StarCraft II: Wings of Liberty

9. World of Warcraft: Lament of the Highborne

10. Metal Gear Solid 3: Snake Eater

11. Tetris Opera (na voz de Laura Intravia)

12. Castlevania

13. Mass Effect

14. Zelda (Especial em comemoração aos 25 anos do game, com Laura Intravia vestida de Link)

15. Pokémon

16. World of Warcraft – Cataclysm: Invincible

17. Diablo III: Wrathgate Zero (Estava prevista, mas não foi tocada no show)

18. Guitar Hero: The Pretender, Foo Fighters

19. Final Fantasy VII: One Winged Angel

20. Chrono Trigger/Chrono Cross

21. Portal: Still Alive (na voz de Laura Intravia)