Blood: The Last Vampire (2000), Hiroyuki Kitakubo.
Um filme de anime média-metragem que parece essencialmente um capítulo de uma história que deveria ser maior e mais complexa. O que de fato é, já que a história continua no mangá Blood: The Last Vampire 2002, lançado em 2001. O filme não desenvolve a trama ou os personagens, focando basicamente na ação e na violência. E isso funciona muito bem. Porque Blood: The Last Vampire é afiado como a lâmina de uma katana.
A trama se passa na década de 60, na época da guerra do Vietnã. Porém, existe outra guerra sendo travada, uma guerra secreta contra demônios sugadores de sangue chamados quirópteros — definição do anime para vampiros. Saya é tida como a última remanescente original dessa espécie de demônios e trabalha para a organização Escudo Vermelho, que combate essa ameaça. Após a cena de abertura foda de matança num metrô, Saya recebe ordens para sua próxima missão: se infiltrar numa escola de inglês de uma base militar americana no Japão. Saya vai para a escola disfarçada de estudante e rapidamente descobre quirópteros ocultos como alunos, alimentando-se do sangue deles indiscriminadamente.
Poucos detalhes sobre a história são mostrados nesse filme, por isso, pouco se sabe sobre Saya. Porém, como centro das atenções, ela é a única que conhecemos de fato. Pelo anime, fica implícito que Saya é a última vampira original remanescente e que os quirópteros são aberrações bestiais e indignas, por isso, ela os caça. Saya possui força e sentidos sobrenaturais, mas não parece ter fraquezas, exceto pelo incômodo que sente quando precisa lidar com coisas relacionadas a Deus. Também é sugerido que ela talvez seja uma híbrida entre humano e vampiro — como o D de Vampire Hunter D ou o Blade. Sua idade é desconhecida, mas Saya aparece numa foto de 1892, com a palavra “vampiro” vinculada a ela, o que garante algum conhecimento extra sobre a personagem. Mas esse conhecimento, como tudo no filme, é bastante superficial.
A narrativa, apesar de rasa, é dinâmica, sóbria e divertida pra quem curte um filme de caçadores de vampiros sangrento. Algo interessante é a natureza totalmente digital da produção, que mistura arte desenhada à mão colorizada por computador, ao invés de seguir a tradição mais comum na época, que era usar celuloide. Os efeitos visuais e as composições de fundo quase fotorrealistas, com tonalidades de cinza, marrom e vermelho, funcionam perfeitamente para a atmosfera macabra da obra. Há de se mencionar também os diálogos mistos, ora falados em japonês, ora falados em inglês, refletindo a interação entre japoneses e americanos da história.
Apesar de ser cruel e consideravelmente sangrento, como deve ser, Blood: The Last Vampire é uma experiência impressionante. É o tipo de filme sem enredo que consegue despertar interesse — um tipo raro, diga-se de passagem. A trama simples, no entanto, deixa lacunas para o desenvolvimento de ramificações e interpretações da história, lacunas que foram aproveitadas depois na produção das séries Blood+ e Blood-C, sagas nas quais realmente aprendemos um pouco mais sobre esse mundo de vampiros e quirópteros.
Saya surge precisa, rápida e voraz, aparentemente sem motivações maiores do que a simples matança. Vampiros normalmente não precisam de motivação para matar. Eles apenas matam. Pelo sangue. E com muito, MUITO, sangue.
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