Blood+

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Blood+

Blood+ (2005), Junichi Fujisaku.

Blood: The Last Vampire foi uma experiência impressionante na época que estreou e chamou atenção de muita gente na época, atravessando muitas fronteiras em termos de animação. Mesmo sendo um filme curto, teve um grande impacto.

O filme funcionou tão bem como trama de suspense e ação envolvendo monstros sanguinários que rapidamente ganhou uma continuação em mangá, light novel e spin-offs, com novas ramificações e interpretações para a história.

Blood+ é uma dessas novas interpretações, ainda que se mantenha parcialmente fiel a alguns detalhes sobre a personagem Saya revelados em Blood: The Last Vampire. A série, produzida para a televisão com 50 episódios, não é exatamente uma continuação, mas uma espécie de spin-off que se aproveita de algumas referências básicas do filme, com cronologias e ambientações quase que completamente distintas. O anime, inclusive, é dirigido por Junichi Fujisaku, que escreveu a light novel inspirada no filme original.

Na trama, por muitas gerações, uma guerra sombria tem sido travada entre a misteriosa organização Escudo Vermelho e demônios sugadores de sangue conhecidos como quirópteros — definição do anime para vampiros. Tais criaturas, apesar de serem fortes, ágeis e praticamente imortais, sempre existiram em números precários, ocultos da sociedade humana. Porém, essa realidade muda quando o número de ataques de quirópteros começa a aumentar absurdamente.

No meio disso tudo está Saya Otonashi, uma colegial que leva uma vida normal com sua família adotiva. Saya não consegue se lembrar de seu passado, nada além de um ano antes da época em que se passa o anime. Tudo o que sabe é que foi adotada por um militar aposentado e criada junto com os dois outros filhos dele: Riku e Kai.

Um homem chamado Hagi cruza o caminho de Saya e a faz se lembrar do passado, mas à medida que suas memórias retornam, Saya descobre que não é uma simples colegial, mas uma espécie de rainha dos quirópteros, destinada a destruí-los com seu sangue. Aos poucos, Saya se vê envolvida com a Escudo Vermelho, sendo recebida pelo agente chamado David, um dos mais antigos membros da organização, responsável por guiar Saya cada vez que ela desperta para sua natureza sobrenatural. Quando aceita quem realmente é, Saya entra na batalha contra os quirópteros, mas descobre que não é a única rainha desses monstros. Ela possui uma irmã gêmea chamada Diva, que pretende matar todos os humanos e, por isso, surge na trama como sua maior inimiga.

Parte do enredo, incluindo a irmã gêmea Diva e experiências que foram realizadas no passado com as irmãs, provavelmente veio da continuação em mangá do filme, Blood: The Last Vampire 2002, em que a Saya do filme descobre sobre seu passado e conhece uma contraparte sua chamada Maya. Diva pode ter sido inspirada em Maya.

Blood+ pode ser dividida em duas partes. A primeira é o suspense sobre uma conspiração de várias camadas com muitas reviravoltas que envolve organizações governamentais e militares e as criaturas sanguinárias chamadas de quirópteros. Por grande parte da série, a animação é impecável. As músicas de abertura são espetáculos a parte, todas as quatro. Mas devo destacar a segunda e a terceira aberturas: Season’s Call, do Hyde (da banda L’Arc-en-Ciel); e Colors of the Heart, da banda UVERworld — duas músicas maravilhosas.

A trama se desenrola devagar. Demora a engrenar enquanto constrói subtramas e arcos menores sobre cada personagem, costurando-os no enredo maior. Os personagens estão sempre presos a dilemas sobre escolher entre a família e a sobrevivência. Às vezes, é melodramática, mas no geral, os personagens são bem-desenvolvidos. Há até um toque shakespeariano na forma como os dramas são trabalhados.

A Saya de Blood+ é mais relutante e passiva, diferente da Saya fodona de Blood: The Last Vampire. No início, Saya nega sua natureza vampírica e tem dificuldade para travar suas batalhas. Mas com o tempo, ela vai crescendo e se tornando mais forte. Não é a caçadora fria e sanguinária do filme que inspirou a série, mas chega perto. Saya se torna mais poderosa, aprende a usar suas habilidades e começa a lutar e vencer suas próprias lutas. Acompanhar esse crescimento é empolgante.

As coisas crescem mais quando os Schiffs, seres parecidos com os quirópteros criados em laboratório, aparecem. A história dos Schiffs também é carregada de drama, mas injeta doses de tragédia genuína no enredo. Desse ponto em diante, a relação protagonista/antagonista entre Saya e Diva se torna mais intensa e as cenas de ação ganham mais peso no anime. O final é muito bom.

Blood+ possui seu próprio jeito de contar uma bela história de vampiros. E essa é uma de suas maiores qualidades. É um anime cheio de paixão que vale muito a pena.