Loucuras em Plena Madrugada

Loucuras em Plena Madrugada

Loucuras em Plena Madrugada

Loucuras em Plena Madrugada (1980), Michael Nankin e David Wechter.

Um filme que, apesar de pouco conhecido do grande público, tem seu lugar reservado no Hall da Fama dos filmes da Sessão da Tarde. E tem todos os requisitos necessários para ser enquadrado nessa categoria: é divertido com história leve e totalmente família. Basicamente, a história do filme se desenvolve em cima de uma gincana chamada “The Great Allnighter”, que foi traduzido pela dublagem como “O Grande Rei da Noite” desenvolvida pelo gênio Leon (Alan Solomon) com a ajuda de suas assistentes Candy (Deborah Richter) e Sunshine (Kirsten Baker).

No filme, Leon selecionava cinco pessoas entre seus colegas de faculdade para liderar as cinco equipes que iriam disputar a gincana. Cada equipe se diferenciava por uma cor e, sutilmente, representava um tribo desta faculdade: a Equipe Amarela representava os bons moços, é liderada por Adam (David Naughton) e composta por Laura (Debra Clinger), Marvin (David Damas) e Flynch (Joel Kennedy) e, posteriormente, por Scott (Michael J. Fox), que era irmão de Adam; o Time Azul representava os loosers e funcionavam como uma espécie de antagonista da Equipe Amarela, liderada por Harold (Stephen Furst) e composta por Lucille (Patricia Alice Albrecht), Melio (Andy Tennant), Barf (Brian Frishman) e Navalha (Sal Lopez). As outras equipes serviam como uma espécie de sustentáculo para a competição e não tinham uma disputa direta, na história, com os times Amarelo ou Azul. A Equipe Verde representava os brucutus jogadores de futebol americano, era liderada por Lavitas (Brad Wilkin) e composta por Blaylak (Dirk Blocker), Cudzo (Trevor Henley), Gerber (Keny Long) e Axila (Curt Ayers). A Equipe Vermelha representava as feministas, tinha como líder Donna (Maggie Roswell) e como membros Berle (Robyn Petty) e as gêmeas Peggy (Betsy Lynn Thompson) e Lulu (Carol Gwynn Thompson). Por último, temos a Equipe Branca liderada por Wesley (Eddie Deezen) e composta por seus seguidores (Marvin Katzoff, Christopher Sands e Michael Gitomer), representando os nerds clássicos.

A mecânica da gincana funcionava da seguinte maneira: cada equipe recebia uma pista cuja solução as levava a um local e, neste local, haveria uma outra pista que solucionada levaria a um outro local, e assim sucessivamente até a pista final que levaria à linha de chegada. O mais curioso no jogo é que, em momento algum, fala-se em algum tipo de premiação tangível ou financeira; muito pelo contrário, Leon selecionou os líderes baseados em questões pessoais que uns tinham com os outros e que se usariam do jogo para resolvê-las.

Obviamente, o clima de competição entre os times, que faz uma grande referência ao clássico Deu a Louca no Mundo de 1963 (a referência chega a ser até óbvia em uma das pistas do jogo), é o que prende a atenção do espectador e faz desse filme um clássico moderno muito especial, por mais que o resultado da gincana seja bastante óbvio.

Apesar da premissa simplória, o roteiro, assinado pela dupla David Wechter e Michael Nankim, que também são responsáveis pela direção do filme, apresenta alguns problemas com muitas coisas sem explicação. Um exemplo disso é a dúvida que paira sobre o tipo de relação que os membros da Equipe Azul têm entre si, por conta da forma como foram inseridos na história. Vale o destaque para o tipo de relação que Harold tem com Lucille, pois, não fica claro se são namorados, amigos ou até o caso de um relacionamento de madrasta/enteado. Aliás, as falhas principais no roteiro são, sem dúvida, a falta de aprofundamento no grau de relacionamento dos personagens entre si. Não fica muito claro como todos eles se conhecem e, muito menos, como conhecem o Leon. Em compensação, o foco fica todo nas questões pessoais que eles têm entre si e vão resolvendo ao desenrolar da história.

Nem por isso Loucuras em Plena Madrugada chega a ser um filme ruim. Ao contrário, cumpre muito bem sua proposta que é trazer diversão e entretenimento por suas quase duas horas de duração e faz isto muito bem. É um filme gostoso de assistir e carrega aquela vibe da virada da década de 1970 para a década de 1980, principalmente, embalado pelo tema do filme na voz da cantora Donna Fein, cuja letra praticamente convida o espectador para dentro do filme, executado na cena inicial do filme enquanto Candy e Sunshine passeiam de patins pela faculdade distribuindo envelopes coloridos para os futuros líderes das equipes de “O Grande Rei da Noite” (se bater curiosidade, basta clicar aqui para ver a cena).

Dentre as curiosidades deste clássico desconhecido da Disney, está o fato deste ser o primeiro filme de Michael J. Fox. Aliás, foi por conta dele que o ator conseguiu seu papel na série Caras & Caretas. Outra curiosidade é que este filme é uma das raras vezes onde vemos o diretor Andy Tennant, cujos trabalhos de direção incluem filmes como Hitch: Conselheiro Amoroso, Para Sempre Cinderela, Anna e O Rei e Caçador de Recompensas, em frente às câmeras. Ele, aqui, interpreta Melio, o membro sacana da Equipe Azul.

Loucuras em Plena Madrugada é aquele filme que a gente não se cansa de assistir e, ao término, nos traz a leveza que um bom filme pipoca deveria trazer. Sem contar que este filme serviu de inspiração para várias gincanas e ARGs por todo o território dos Estados Unidos. Apesar de ter sido exibido na TV algumas vezes e com uma dublagem ótima, diga-se de passagem, que soube se virar direitinho na adaptação das pistas para o português sem soar artificial, o filme nunca chegou a ser lançado em DVD por aqui. Se chegou, foi um lançamento bem tímido a ponto de quase ninguém ter tomado ciência, o que é uma pena, pois, seria uma ótima aquisição para a coleção particular de filmes de qualquer fã que cresceu nos anos 1980. Fica aqui a sugestão e a torcida para que esse quadro mude muito em breve.