Bumblebee e a nova era de Transformers

Bumblebee

O filme Bumblebee chegou aos cinemas no final de 2018 com a difícil e importante tarefa de definir os rumos da franquia dos Transformers no cinema. A Hasbro em parceria com a Paramount tinha um projeto bastante ambicioso: criar um universo cinematográfico com suas franquias de brinquedos, indo na onda do bem-sucedido projeto da Marvel para as telonas. Porém, o grande fiasco que Transformers: O Último Cavaleiro revelou ser fez com que os planos da companhia fossem repensados.

A aventura solo do valente Autobot amarelo, felizmente, além de ter gerado um certo lucro nas bilheterias, teve uma ótima aceitação da crítica e de boa parte dos fãs. E, sim, como fã, posso dizer que gostei bastante do filme. O roteiro de Christina Hodson e a direção de Travis Knight fizeram de Bumblebee um filme leve, divertido e repleto de fan service. Foi o primeiro filme dos Transformers que me fez sair do cinema sem aquela sensação horrível de ter acabado de descer de uma montanha russa. O excesso de elementos, os roteiros confusos e as indecifráveis sequências de luta dos filmes anteriores durante mais de duas horas gerava um desnecessário desgaste mental na cabeça de quem só queria se divertir e Bumblebee conseguiu se desvincular dessa marca que a direção de Michael Bay estava deixando nos filmes dos robôs cybertronianos.

É evidente que Bumblebee está longe ser um filme aclamado pela Academia. Muito longe disso… aliás, nem precisa dizer que essa nunca foi a proposta de nenhum dos filmes da franquia, não é verdade? Entretanto, este spin-off soube se aprofundar bem mais no impacto e na mudança que o primeiro carro traz para a vida de um adolescente do que no filme de 2007, por exemplo. Sem contar que o excesso de personagens nos filmes do Bay acabava prejudicando o desenvolvimento dos mesmos. A relação de Sam Witwicky (Shia LaBeouf) e Bumblebee acabou ficando superficial e reduzida a motivos para inserções de piadinhas se compararmos com a que o cybertroniano teve com Charlie (Hailee Steinfeld). Nesta última, tivemos “tempo” para que uma ligação entre o robô e a adolescente se desenvolvesse e que ambos evoluíssem juntos em suas jornadas. Apesar de a relação dos Transformers com os Witwicky na série animada dos anos 1980 ter tido um tratamento semelhante ao dos filmes de Michael Bay, ou seja, os robôs servindo como guardiões e os humanos como ponte para a cultura da Terra e como “donzelas” em perigo em grande maioria dos episódios, o mesmo não aconteceu nos quadrinhos da Marvel, onde o pai do garoto era totalmente contra o envolvimento do filho com os cybertronianos justamente por conta do perigo à vida dos humanos que a guerra entre os Autobots e Decepticons trazia, o que, em termos de roteiro, enriqueceria bem mais a história e justificaria até a presença maior de tela dos personagens de carne e osso. Talvez, se Alex Kurtzman e Roberto Orci se inspirassem mais nos quadrinhos dos Transformers, os rumos da franquia tivessem sido outros.

Com a passagem da aventura do robô amarelinho pelas telonas do mundo todo ter sido concluída, a pergunta de um milhão de dólares é: “E agora?” Bem, a resposta para esta questão é algo que boa parte dos envolvidos na produção da franquia não sabem dizer. Intenção em dar seguimento ao trabalho há. O próprio Lorenzo di Bonaventura, além de afirmar que Bumblebee não se tratava de um reboot, chegou a dizer que uma sequência para a história, assim como, uma outra para Transformers: O Último Cavaleiro estava em produção para desmentir tudo algumas semanas depois. Michael Bay já anunciou sua saída da franquia… de novo e Travis Knight, em suas entrevistas, tem procurado não levantar nenhum tipo de burburinho a respeito de uma sequência para a aventura solo do robozinho, apesar de demonstrar que está aberto para isto caso a ideia realmente se concretize.

Uma coisa é certa: Bumblebee pode ter dado um novo fôlego para uma franquia cinematográfica que respirava por aparelhos. Tanto é verdade que a editora IDW resolveu encerrar os arcos de todos os seus títulos dos Transformers e recomeçar a história, agora, focando no período que antecede à divisão dos cybertronianos em facções e sua vinda ao nosso planeta. A Hasbro, durante a San Diego Comic Con de 2018, anunciou a linha de brinquedos War for Cybertron, que serviu de base não só para o reboot da IDW como renderá uma série animada prevista para ser lançada no Netflix em 2020 e será centrada no início das Guerras Cybertronianas. É claro que ainda é muito cedo para dizer se essas mudanças foram acertadas, mas, certamente, era exatamente disto que a franquia estava precisando no momento. Como o Alan já disse em sua resenha de Vingadores: Ultimato, é tempo de recomeçar. E que este recomeço mantenha ainda mais vivo e cintilante este universo tão bacana que é o universo dos Transformers.