Pobres Criaturas (2023), Yorgos Lanthimos.
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Um filme espetacular do diretor Yorgos Lanthimos, que é conhecido por fazer filmes excêntricos e estranhos, como o Sacrifício do Cervo Sagrado e A Favorita. E ele aqui dirige a história de uma mulher que foi criada a partir do cérebro de um bebê transplantado em um cadáver. Essa história meio louca, na verdade, tem um estilo fortemente influenciado pela história do Frankenstein, só que a forma como é contada não é exatamente como Frankenstein, embora tenha um apelo meio gótico e surreal.
O filme se passa na época vitoriana, quando o cientista interpretado por Willem Dafoe, o Dr. Godwin Baxter, cria sua criatura, chamada Bella Baxter, que aos poucos vai aprendendo sobre o que é a vida e, muito mais importante, vai aprendendo sobre si mesma, sobre sua feminilidade e sobre como lidar com sua sexualidade. Bella vai descobrindo o mundo e a vida de uma maneira em que o filme vai crescendo absurdamente estranho e absurdamente alucinante e, ao mesmo tempo, muito divertido.
O filme tem um toque de humor muito sagaz e uma maneira de construir a história que é muito inventiva, inclusive na maneira como usa a fotografia. Porque, por exemplo, a história começa num tom mais de preto e branco, justamente porque a Bella é uma personagem muito infantil inicialmente, ainda aprendendo e crescendo, e aos poucos vai ganhando uma paleta de cores mais vibrante, mais realista e bastante exagerada, à medida justamente que a Bella vai se tornando mais vibrante, mais realista e mais exagerada.
Esse é um filme muito focado na personagem principal, e a Emma Stone manda maravilhosamente bem. Ela realmente dá vida a todas as nuances de sua personagem. E ela é fantástica! Ela desenvolve o filme, mexe com tudo ao redor da narrativa, especialmente nas cenas que ela faz em conjunto com o Mark Ruffalo, que interpreta Duncan Wedderburn. Ele é um ator fantástico também. E aqui ele tem uma sutileza divertida, com um sotaque britânico meio estranho, e ele interpreta um personagem que tem uma relação próxima com a Bella. Os dois juntos criam momentos bastante divertidos. Pobres Criaturas tem um tom meio exótico e meio estranho de uma maneira engraçada.
Yorgos Lanthimos é um diretor que sabe brincar com os exageros e ele consegue construir isso muito bem nessa história. Tudo no filme funciona muito bem. O Willem Dafoe com a estranheza dele, o Mark Ruffalo com os exageros de seu personagem, e a Emma Stone, uma tremenda força da natureza que é maravilhosa com toda a história de crescimento de sua personagem.
Pobres Criaturas é inspirado num livro de 1992, escrito pelo Alasdair Gray, um livro que é pouquíssimo conhecido e que está ganhando um destaque maior justamente por causa do filme, que é um filmão muito bom, muito divertido e muito bizarro, cheio de questões emocionais e sociais. Vale muito a pena.
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