Twisters

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Twisters

Twisters (2024), Lee Isaac Chung.

Ouça sobre o filme: podcast

Uma espécie de reboot e sucessor espiritual do Twister de 1996, que fez bastante sucesso nos anos 90 e que muita gente até hoje se lembra com carinho (e um pouco de pavor). Twister sabia ser um filme de ação, mas também conseguia ser assustador, com uma vibe meio de filme de terror. Esse filme novo pega essa essência e consegue replicá-la de uma maneira satisfatória e muito eficiente. Twisters é tanto um filme de ação como um filme de terror, pelo menos na forma como trabalha o conceito dos tornados. Existe até certo senso de aventura.

A história apresenta um grupo de cientistas e meteorologistas que perseguem tornados na tentativa de aplicar a tecnologia em sistemas de medição de modo que consigam prevenir as pessoas de possíveis tornados. A personagem principal é Kate Cooper, interpretada pela Daisy Edgar-Jones, e muito bem interpretada. A atriz tem carisma e um charme natural que funciona muito bem para a personagem. Uma coisa muito boa é o fato de que ela possui uma espécie de percepção aguçada para tornados e isso rende alguns momentos empolgantes. Kate acaba tendo ajuda de um amigo, Javi, que traz ela de volta para sua cidade natal, Oklahoma, que está sofrendo com diversos estragos provocados por tornados. Kate também está lidando com questões pessoais porque cinco anos antes ela acabou passando por um incidente traumático envolvendo sua pesquisa sobre tornados. Só que ela acaba se deparando com um caçador de tornados que é uma grande celebridade das mídias sociais e que persegue tornados em busca de audiência, Tyler Owens, interpretado pelo Glen Powell. Ele tem uma química invejável com a atriz, o que faz o filme funcionar ainda melhor, uma vez que o grande lance da história é o elemento humano, como era no Twister original. Twisters traz sugestões agradáveis de romance entre os personagens e eu gostei bastante disso justamente por causa do carisma dos dois atores e da química entre eles. Além disso, é legal ver como esses personagens são desenvolvidos e como eles se revelam diferentes do que se esperaria deles num primeiro momento à medida que vamos conhecendo mais sobre a personalidade e as motivações deles.

Cabe mencionar também a direção do Lee Isaac Chung, que é bastante sóbria e consegue equilibrar muito bem os elementos da história e do visual. O filme cria certo equilíbrio entre o cinzento dos tornados com o verdejante da paisagem rural onde a história se passa. E isso na verdade é uma coisa que remete ao Twister original. A história do primeiro filme se passava em Oklahoma e a história desse filme também se passa em Oklahoma. Essa é basicamente a única e grande conexão entre os filmes, porque os personagens anteriores não aparecem, exceto em umas fotos aqui e ali, e os personagens atuais não têm necessariamente relação com os anteriores.

Twisters é um filme novo baseado numa ideia antiga que ainda funciona muito bem. Curiosamente, também é uma proposta que já se tentou tirar do papel duas vezes. O Bill Paxton, antes de falecer, tentou fazer uma continuação do Twister original. Ele tinha até uma ideia muito boa, que era fazer uma releitura de um acontecimento da vida real: um surto de tornados que atingiu três estados em 1925 nos Estados Unidos e matou centenas de pessoas. A Helen Hunt também tentou emplacar uma continuação, porém acabou não conseguindo e, no fim das contas, o filme foi todo retrabalhado e lançado nessa nova versão. Assim como no primeiro filme, Steven Spielberg também aparece aqui como produtor executivo através da Amblin.

Twisters é um filme muito bom com momentos divertidos, românticos e uma vibe de filme da antiga que vale muita pena e torna tudo mais envolvente e mais impactante de se acompanhar. É realmente um sucessor espiritual excelente do filme dos anos 90. Recomendo fortemente.