Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time

Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time

Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time

Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time (2021), Hideaki Anno.

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Um filme de anime muito esperado, que podemos chamar carinhosamente de Evangelion 4.0, e que estreou somente em 2021, muito tempo depois do terceiro filme. É um belo fechamento para a série de filmes Rebuild of Evangelion. Depois de um verdadeiro inferno de desenvolvimento e vários atrasos, o filme finalmente saiu e o Hideaki Anno finalmente conseguiu concluir sua proposta para o Rebuild of Evangelion.

Esse quarto filme é provavelmente o filme mais otimista de todos. Toda a melancolia e toda a profundidade, no fim das contas, acabam culminando em eventos de luta, vitória e um potencial final feliz. Na verdade, é provavelmente o final mais feliz que já houve na história de Evangelion. Isso demonstra uma clara mudança no que diz respeito ao que era a série dos anos 90 e ao que são os filmes do Rebuild of Evangelion: visões completamente diferentes de um cara que mudou completamente de perspectivas com o passar do tempo.

Rebuild of Evangelion, especialmente o Rebuild of Evangelion 4.0, aparentemente demonstra um Hideaki Anno mais amadurecido, com uma perspectiva diferente sobre a vida, o universo e tudo mais, e sobre a forma como ele gostaria que seus personagens terminassem. Enquanto lá na série dos anos 90 era tudo muito claustrofóbico, aprofundado, denso, triste e trágico, aqui ele tenta realmente dar uma chance aos personagens de sobreviverem e de, talvez, viverem em uma vida mais agradável no fim de tudo.

Isso pra muitos pode representar uma mudança muito drástica, talvez até uma mudança ruim, mas, pra mim, é uma boa mudança, porque as coisas mudam e evoluem, e as perspectivas também. O original ainda continua sendo muito bom dentro de todo aquele contexto trágico que apresentava na época em que foi lançado, e ainda continua sendo muito bom hoje em dia. Porém, Rebuild of Evangelion, com a sua ideia de universo paralelo, conseguiu construir uma versão diferente em um universo diferente com uma maneira diferente de encarar as coisas: uma maneira mais otimista, radiante e até um pouco feliz... embora não seja totalmente feliz e a palavra exata para definir o final não seja feliz. Talvez a melhor palavra para definir seja: contentamento.

Evangelion 4.0 é um final em que, pelo menos, existe mais contentamento, tendo em vista que não havia contentamento na série dos anos 90. Isso fica muito evidente justamente no desenvolvimento da Wille, a organização que aparece ao longo das histórias dos filmes do Rebuild que se coloca como grande inimiga do Gendo Hikari, tentando impedir os planos dele. Isso também é evidente na maneira como o filme desenvolve a Mari Illustrious Makinami, que é uma personagem que foi bastante subdesenvolvida ao longo dos filmes do Rebuild e que continua sendo subdesenvolvida nesse quarto filme, inclusive na maneira como ela se relaciona com sua Unidade Eva 08. Todo o desenvolvimento ou o não desenvolvimento da Mari culmina no final que ela tem para a história e na maneira como o Hideaki Anno queria contar e encerrar essa história como um todo. Apesar de tudo, ainda é um final que funciona, com os personagens recebendo uma versão de mundo diferente do que era antes. Isso é válido principalmente por Shinji, a criatura mais sofrida do universo, que pelo menos aqui no final do Rebuild tem sua reconstrução de uma maneira mais favorável.

Uma coisa curiosa é que o Rebuild of Evangelion é uma premissa de história que o Hideaki Anno tinha na cabeça pelo menos desde os anos 2000, quando ele tinha uma visão em transformar o Evangelion numa espécie de novo Gundam. As ideias que foram utilizadas para a construção do Evangelion original nos anos 90 vinham justamente das séries do Gundam, que é provavelmente a maior série de mechas da história dos animes e que ajudou muito a popularizar o gênero dos robôs gigantes nas animações japonesas. Hideaki Anno também queria construir o Rebuild com base nisso. Isso fica claro no fato de que boa parte da história dos filmes do Rebuild of Evangelion criam uma trajetória de luta entre oprimidos contra opressores, uma coisa muito presente nas histórias das séries de Gundam, que são sempre muito focadas em questões políticas e na luta justamente entre nações oprimidas e nações opressoras dentre outros elementos envolvendo críticas sociais e políticas. Rebuild of Evangelion insere um pouco desse teor social e político com muito mais força do que acontecia na série original dos anos 90. Algo que eu particularmente considero uma coisa muito boa, justamente por causa do espírito do Rebuild de ser uma versão diferente, com uma pegada diferente da mesma história. Enquanto a história da série original era muito mais filosófico-religiosa, a história dos Rebuild é muito mais filosófico-política.

Leia mais sobre o anime aqui. E para conhecer mais sobre os filmes Rebuild of Evangelion, que recontam a história do anime, leia aqui ou aqui ou aqui.

Os filmes do Rebuild of Evangelion, com seu espírito de universo diferente, complementam bastante a ideia da série original, e o Evangelion 4.0 é um ótimo encerramento para essa nova maneira de contar a história. Eu gostei bastante e recomendo fortemente, tanto a série original quanto os filmes reconstruídos.