Video Games Live 2010

VGL

Foto de Christiano Rubin.

Domingo, dia 10/10/10, curiosamente, a interpretação binária de 42 — ou seja, um ótimo dia para ser nerd. Coincidência ou não, também foi o dia épico do Video Games Live. Era um ótimo dia para ser nerd. A 5º edição brasileira do evento aconteceu no Canecão sob a acalorada atmosfera nerd que tomava conta do lugar. Fãs de videogames ansiavam por escutarem as músicas que fizeram história em sua infância, adolescência e, porque não dizer, vida adulta.

O Video Games Live, ou VGL, é um concerto interativo dedicado a trilha sonora de games, conduzido por orquestras e corais cuja apresentação é majestosamente ilustrada por vídeos exibidos em telões, arranjos exclusivos, efeitos especiais e compositores renomados da indústria dos games. Idealizado por Tommy Tallarico, um amante de games, em parceira com Jack Wall, o VGL mistura a música clássica com o som das guitarras numa experiência única de arte e cultura. O evento é uma prova da evolução dos games e de sua inestimável contribuição para o mundo contemporâneo. O próprio Tallarico deu um show de humor e simpatia no palco, munido com sua guitarra do Homem-Aranha que acompanhava vibrante os acordes da Orquestra Sinfônica Villa-Lobos, regida pelo maestro Emmanuel Fratianni.

A animação se fazia presente desde o começo, com o concurso de cosplay que abriu a festividade. O público elegeu a mais perfeita caracterização de personagem de game e o vencedor, pelo segundo ano consecutivo, foi o Prisioneiro, que representava os figurantes extremamente despirocados do jogo Metal Slug. Com sua barba e seu cabelo loiro fake e sua bermudinha samba-canção branca, o cosplay fez a alegria da galera simulando a corridinha com as mãos para o alto e o “Hadouken” do Ryu.

Após o concurso, o show em si, iniciado com a interpretação de Sonic, o porco-espinho azul da Sega, e Megaman, da Capcom. Um começo morno que, assim como num bom game, preparava o terreno para o que estava por vir. Uma grata surpresa foi ouvir a música excelente e empolgante de Advent Rising, um jogo de pouca expressão lançado em 2005 para Xbox e cuja trilha tinha sido composta pelo organizador do evento, Tommy Tallarico. Até mesmo Tron, filme da Disney de 1982 e que vai ganhar uma continuação no final desse ano, recebeu uma magnífica homenagem no evento. Todavia, alguns momentos são dignos de destaque.

A participação do pianista Martin Leung, que abriu sua apresentação tocando clássicos instrumentais de Final Fantasy, um belíssimo medley que passava por todos os games da série, com a execução de, entre outras: Terra’s Theme (FF 6); Eyes On Me, de Faye Wong (FF 8); Melodies Of Life, de Emiko Shiratori (FF 9); To Zanarkand (FF 10); e um desfecho fenomenal com Liberi Fatali (FF 8). Sério… não foi só incomparável… foi comovente! Não obstante, Leung ainda voltou em outros momentos do show para performances de cair o queixo dos espectadores. Super Mario com os olhos vendados, a surpresa de Top Gear e o encerramento com Chrono Trigger/Chrono Cross levaram a plateia a loucura!

Nos entreatos, os telões exibiam as hilariantes sequências Videogame Vs.; impossível não rir com as gags de: Sonic Vs. PacMan, GTA Vs. Frogger, Mortal Kombat Vs. Donkey Kong, R-Type Vs. Space Invaders e Contra Vs. Duck Hunt. Ainda tivemos o vencedor do concurso de Guitar Hero, cujo nome Tallarico não conseguia pronunciar de jeito nenhum, que subiu ao palco para uma disputa Expert na música “Jump”, de Van Halen.

Não obstante, ainda fomos agraciados com os convidados: Gerard K. Marino, compositor do já clássico God Of War, e Akira Yamaoka, responsável pela trilha de Silent Hill. Ambos tiveram atuações solos com as canções de seus respectivos games e também tocaram juntos com Tallarico algumas músicas de outros games. Marino mexeu com o público adulto em sua exibição de God Of War, mas também cativou as crianças do lugar que, enfim, ouviam no show e viam nas telas o game de sua geração. Akira Yamaoka, vestido com uma camisa da seleção brasileiro, ficou devendo um pouco mais. Em sua primeira apresentação no país, o compositor tocou rapidamente uma de suas músicas e deixou o público com um gostinho meio amargo de quero mais. Podia ter tocado mais, afinal, o cara viajou 36 horas para estar aqui. Mesmo assim, sua exibição de Silent Hill 2 foi maravilhosa… TWOOOOO!!!

Outros momentos marcantes foram: o público levantando seus celulares acesos para o alto ao som de Legend Of Zelda (isqueiro é coisa do passado!); as apresentações de Uncharted 2, Bioshock, World Of Warcraft e Castlevania; o público delirante durante a exibição de Street Fighter 2, exaltando o único personagem brasileiro aos gritos — “Blanka! Blanka! Blanka!”; e a conclusão…

O ato final foi o ápice da noite. Os fãs já esperavam, mas ainda assim, pediram e gritaram e foram atendidos. Não há como não se deleitar com o som de One Winged Angel, o tema do antagonista de Final Fantasy 7, Sephiroth. O público cantava em coro a cada “Sephitorth!”. Não adianta… é a canção mais popular dos games e sua presença no VGL é indiscutível e indispensável. Sempre tocou e emocionou… e vai continuar tocando e emocionando. Estuans interius ira vehementi… Sephiroth!

Por fim, a performance final de Martin Leung e… suspense… a interpretação de Portal! Quando todos já se preparavam para ir embora, fomos surpreendidos com a peculiar música de encerramento do game, “Still Alive”, ilustrada de forma hilária no telão, com direito até mesmo a um easter egg do lançamento que nunca acontece de Duke Nukem Forever. Foi um THE END com chave de ouro.

O Video Games Live foi um evento SENSACIONAL e EMOCIONANTE, recheado de muita alegria e nostalgia. Foi um show para fãs, para crianças e para adultos. Agora, fica somente satisfação de termos participado dessa emoção e a ansiedade pelo próximo no ano que vem.

Uma coisa é certa…

I’M STILL ALIVE…

WE ARE STILL ALIVE!