A Ilha do Medo (2010), Martin Scorcese.
Um filme baseado no romance escrito por Dennis Lehane, também autor de Sobre Meninos e Lobos. A trama, ambientada em 1954, mostra o detetive Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) investigando o desaparecimento de uma assassina que fugiu de um hospital psiquiátrico na remota ilha Shutter e está supostamente foragida. Em meio às investigações, ele ainda luta para resolver questões que transtornam sua mente desde a morte de sua esposa Dolores (Michelle Williams).
Martin Scorcese sabe como extrair o máximo desempenho de seus atores enquanto apresenta histórias que prendem o interesse até o último minuto. Sua parceria com Leonardo DiCaprio, que já rendeu ótimos filmes como Os Infiltrados (The Departed, 2006) e O Aviador (The Aviator, 2004), continua intacta e até mesmo Ben Kingsley, que andou esquecido em papéis duvidosos, exibe todo o seu potencial em cena — seu personagem, o psiquiatra John Cawley, parece ao mesmo tempo cortês e malicioso, um exemplo do paradoxo que permeia toda a atmosfera do longa. O elenco conta ainda com a participação do ótimo Mark Ruffalo, como o estranho parceiro de Teddy, e outros nomes de peso como Elias Koteas, Jackie Earle Haley, Ted Levine, Max von Sydow e Emily Mortimer, atores que mesmo em participações pequenas conduzem cenas memoráveis que abrem cada vez mais a cabeça do espectador para a excelente reviravolta do final.
Embora seja basicamente um terror psicológico, o filme transita por gêneros como guerra, noir, suspense e sobrenatural. Scorcese não se priva de brincar com estes gêneros e ainda arruma espaço para homenagear os filmes B, sem, contudo, perder o fio da meada ou tornar a trama uma colcha de retalhos mal costurada. Ele constrói um filme tenso, cujo objetivo principal é provocar medo. O diretor prova mais uma vez que um mestre do cinema é capaz de grandes feitos mesmo com um argumento teoricamente simples. Ele já fez isso em Cabo do Medo. E agora conseguiu de novo.
A Ilha do Medo deixa ainda um questionamento sob a própria condição humana e forma como alguém pode escolher viver a sua vida: afinal, o que poderia ser pior? Viver como um monstro… ou morrer como um bom homem? É um filme muito bom, que vale muito a pena.
Redes Sociais