A primeira geração de Transformers e o encontro com Homem-Aranha

Transformers

Sou fã de Transformers desde que me entendo por gente. Me lembro bem de minha época de criança quando assistia aos desenhos sobre as batalhas dos Autobots contra os Decepticons, exibidos nas manhãs de domingo na TV Globo. Numa época onde o acesso à informação não era tão fácil como os dias de hoje, vez ou outra, me questionava, com uma certa apreensão, do motivo de não se ver aqueles personagens tão legais em formato de brinquedo à venda nas lojas da época.

Meu contato com Transformers só voltou a se intensificar na virada do milênio, quando já era estagiário, recebia meu dinheirinho e, com a recém-massificação da internet, havia descoberto o mundo das compras online do eBay e, graças ao “São Google” acabei chegando numa mailing list só de fãs brasileiros dos robôs vindos de Cybertron. Foi a partir desta lista que enchia minha caixa de e-mails diariamente (fato, na época, que me deixava muito animado, lembrando que não tínhamos tanto acesso à informação como temos hoje) que pude ter uma real noção do quanto à mitologia cybertroniana era rica, não só por sua história, mas pelos personagens. E é justamente essa riqueza que pretendo compartilhar nesta coluna, com fatos curiosos, personagens idem e pontos específicos da mitologia tanto nos quadrinhos como nas séries animadas.

A intenção da Hasbro com a franquia sempre foi uma só: vender brinquedos. Então, para criar a demanda pelas figuras da linha Transformers, lançou uma série animada e uma revista que, a princípio, seria uma minissérie em quatro edições publicada pela Marvel Comics. Então, os editores da Casa das Ideias Denny O’Neil e Jim Shooter foram encarregados de criar os personagens e toda a história de fundo em cima dos brinquedos. As ideias iniciais foram, em grande parte, rejeitadas pela Hasbro e, por conta disso, os trabalhos de revisão ficaram por conta do roteirista Bob Budiansky, que acabou se tornando o maior responsável por boa parte da mitologia que conhecemos hoje.

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Para alavancar as vendas das revistas, o roteirista Jim Salicrup teve a ideia de fazer um crossover com o Homem-Aranha na história de Transformers #03. Jim não só fez o roteiro da mesma, como também era um editor com vasta experiência na Casa das Ideias. Por conta de Transformers serem de propriedade da Hasbro, a ideia foi inicialmente descartada porque o Homem-Aranha estava licenciado para a Mattel em 1984 por conta da linha de brinquedos inspirada na saga Guerras Secretas. A Marvel, então, interveio no impasse e acabou acertando com a Mattel que o Aracnídeo apareceria na revista dos robôs vindos de Cybertron trajando seu uniforme negro (o que, na ocasião, era de desconhecimento do grande público) enquanto que na figura de ação da linha “Guerra Secretas” ele trajaria o uniforme clássico. A Mattel mal havia se tocado que, por conta dos eventos ocorridos nas Guerras, o Cabeça-de-Teia iria oficialmente passar a usar o uniforme negro e, por conta disso, a empresa teria que produzir uma figura de ação dele com o novo visual.

Em Transformers #03, os Decepticons levam William “Sparkplug” Witwicky para sua fortaleza, construída no alto de uma montanha com partes roubadas de uma usina nuclear, e o forçam para criar uma forma de converter combustíveis fósseis em energon, a fonte de energia dos Transformers. Enquanto isso, Buster Witwicky, filho de “Sparkplug”, vai com os Autobots para a Arca, nave e QG do grupo na Terra, para pensarem num plano para resgatar o pai de Buster das mãos dos Decepticons.

Os roubos dos Decepticons chamam a atenção dos governos e da imprensa mundial a ponto de equipes de filmagens e dos militares cercarem a fortaleza dos robôs perversos no Oregon. Dentre os repórteres, está Peter Parker, enviado pelo Clarim Diário para fazer a cobertura dos eventos. Parker, por sua vez, decide “vestir” seu uniforme de Homem-Aranha para captar melhores fotos da situação.

Os Decepticons atacam e botam os militares para correr. A ação faz com que o Cabeça-de-Teia esbarre com o Autobot Gears e, após este provar que é um dos mocinhos para o Aracnídeo salvando uma multidão de ser esmagada por um tanque, o Amigo da Vizinhança resolve se unir a ele e aos Autobots para, então, ajudar a resgatar “Sparkplug” das mãos dos Decepticons.

A revista Transformers #03 foi publicada pela Marvel Comics nos Estados Unidos em Outubro de 1984 (apesar de na capa constar Janeiro de 1985) e no Brasil pela Editora Rio Gráfica em Janeiro de 1986. A história conta com a participação de Nick Fury e Dum Dum em um quadrinho e tem uma nota de pé de página dizendo que os eventos ocorridos nessa revista aconteceram antes de Amazing Spider-Man #258, onde o Aranha descobre que seu uniforme negro é um simbionte e volta a usar o clássico uniforme azul e vermelho. Porém, este não foi o único encontro do Amigo da Vizinhança com os Transformers. Em 2007, a editora IDW, atual detentora da licença para publicar quadrinhos da mitologia dos cybertronianos, publicou uma minissérie em quatro edições onde os Transformers se encontram com os Novos Vingadores, mas isso já é assunto para outro dia.

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