O fim da era CSI

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A emissora norte-americana CBS anunciou o cancelamento da série CSI: Cyber e, com isso, encerra a produção de séries da franquia de 16 anos que revolucionou o gênero de séries policiais.

A série CSI: Investigação Criminal (CSI: Crime Scene Investigation), criada por Anthony E. Zuiker e produzida por Jerry Bruckheimer, começou a ser exibida em outubro de 2000 e se manteve no ar por 15 temporadas com direito a um especial dividido em duas partes chamado CSI: Immortality para servir como season finale, inclusive, trazendo de volta personagens que marcaram a série ao longo destes 15 anos de produção. A franquia não só gerou 3 séries spin-offs como também chegou a fazer crossovers com outras séries da CBS.

CSI: Investigação Criminal, também conhecida como CSI: Las Vegas, mostra o cotidiano da equipe forense do turno da noite do Laboratório Criminal do Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas, processando e investigando cenas de crimes complexas focando as atenções para a parte científica da coisa e com equipamentos de última geração que todo departamento de polícia gostaria de ter. A equipe principal era liderada pelo cientista Gil Grissom (William Petersen) e composta pelos investigadores Catherine Willows (Marg Helgenberger), Warrick Brown (Gary Dourdan), Nick Stokes (George Eads), Sara Sidle (Jorja Fox) e Jim Brass (Paul Guilfoyle). Além deles, contavam com a ajuda dos legistas Al Robbins (Robert David Hall) e do técnico Greg Sanders (Eric Szmanda). Ao longo das temporadas, foram acontecendo inúmeras trocas na equipe, com a saída de uns e a entrada de outros como a investigadora Julie Finlay (Elisabeth Shue). A própria liderança da equipe sofreu mudanças a partir da décima temporada com a saída de Grissom. Para assumir o seu lugar, entrou o Dr. Raymond Langston (Lawrence Fishburne) que, após 3 temporadas, cedeu a vaga para D.B. Russell (Ted Danson). Cedeu, em termos, pois, sem soltar spoilers, seu personagem saiu de cena após resolver, digamos, uma pendência pessoal no final da 11ª temporada. William Petersen volta a interpretar Grissom no especial “CSI: Immortality“.

O sucesso das investigações forenses de Las Vegas rendeu seu primeiro spin-off em 2002 chamado CSI: Miami, que durou 10 temporadas. A premissa da série era basicamente a mesma de sua predecessora, só que, em vez de investigarem roubos e crimes em cassinos e corpos encontrados no deserto de Nevada, agora era ambientada na ensolarada cidade de Miami e centrada na equipe do Tenente Horatio Caine (David Caruso) composta pela tenente Megan Donner (Kim Delaney), pelos detetives Calleigh Duquesne (Emily Procter), Eric Delko (Adam Rodriguez), Tim Speedle (Rory Cochrane) e pela legista Alexx Woods (Khandi Alexander). CSI: Miami também sofreu trocas no elenco, como por exemplo, a personagem de Kim Delaney durou apenas a primeira temporada, pois a falta de química com David Caruso acabou não convencendo como seu par romântico, porém, recebeu dois grandes reforços no time: os detetives Ryan Wolfe (Jonathan Togo) e Natalia Boa Vista (Eva LaRue), além do Sargento Frank Tripp (Rex Linn), que funcionava como elo entre a equipe forense e o departamento de polícia de Miami.

Dois anos após CSI: Miami, mais um spin-off da franquia chega na telinha: CSI: NY. A equipe liderada pelo detetive Mac Taylor (Gary Sinise) tinha que lidar com crimes na Grande Maçã pós-11 de Setembro. Inclusive, a série tinha um tom mais melancólico, o que justifica a predominância da iluminação levemente azulada nas cenas, justamente por conta do drama pessoal de Mac tentando seguir a vida após perder a esposa nos atentados do World Trade Center. A equipe de Mac era composta pelos detetives Stella Bonasera (Melina Kanakaredes), Danny Messer (Carmine Giovinazzo), Aiden Burn (Vanessa Ferlito), o médico-legista Dr. Sheldon Hawkes (Hill Harper) e o detetive da Homicídios Don Flack (Eddie Cahill). Posteriormente, a equipe foi reforçada pelas detetive Lindsay Messer (Anna Belknap) e Jo Danville (Sela Ward), o chefe médico-legista Dr. Sid Hammerback (Robert Joy) e o técnico de laboratório Adam Ross (A.J. Buckley). De todas as séries CSI, a edição de Nova York foi a que menos sofreu com trocas de elenco e durou 9 temporadas encerrando sua existência em 2013. Curiosamente, Gary Sinise volta a liderar uma equipe de investigação criminal em um spin-off de uma outra série: ele interpreta o agente Jack Garrett na série Criminal Minds: Beyond Borders, onde uma equipe é especializada na investigação de crimes fora dos Estados Unidos cujas vítimas são cidadãos americanos.

A mais recente aposta da franquia foi a recém-cancelada CSI: Cyber, lançada em 2015, focada agora nas investigações de crimes virtuais. Desta vez, a equipe liderada pela PhD Avery Ryan (Patricia Arquette), inspirada na doutora especialista em psicologia cibernética Mary Aiken. O time da Dr. Ryan sediado na cidade de Quantico é formado pelo agente Elijah Mundo (James Van Der Beek), o vice-diretor assistente do FBI Simon Sifter (Peter MacNicol), o ex-hacker Brody Nelson (Shad Moss), o agente especial e “hacker do bem” Daniel Krumitz (Charley Koontz) e analista do FBI especializada em investigações em mídias sociais Raven Ramirez (Hayley Kiyoko). Na segunda temporada, o personagem Simon Sifter deu lugar ao já conhecido D.B. Russell vindo da unidade de Las Vegas para assumir a recém-criada Divisão Criminalística Cibernética.

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Todas as quatro séries da franquia CSI fizeram crossovers entre si. Aliás, a técnica usada para introduzir o novo spin-off ao público era apresentando os novos personagens em um episódio de crossover na série que estava no ar. Sendo assim, a equipe de CSI: Miami foi apresentada trabalhando em conjunto com a equipe de Grissom em um episódio de CSI: Investigação Criminal, assim como, a equipe de Mac Taylor é apresentada ao público em um episódio de CSI: Miami onde o Tenente Caine vai à Nova York concluir uma investigação de um crime iniciado em Miami. Por sua vez, como as “filiais” de Miami e Nova York já haviam saído da grade anos antes, a Dra. Avery Ryan foi apresentada fazendo um trabalho em conjunto com o time de D.B. Russel em um episódio da série de Las Vegas.

Mas, os crossovers não pararam por aí, as séries CSI já interagiram com outras séries produzidas por Jerry Bruckheimer. A matriz de Las Vegas trabalhou com a equipe do agente Jack Malone (Anthony LaPaglia) da série Desaparecidos (Without a Trace) em uma história dividida em dois episódios em 2007: a primeira parte no episódio “Who And What” da oitava temporada CSI: Investigação Criminal e a conclusão no episódio “Where And Why” da sexta temporada de Desaparecidos. Um outro crossover aconteceu em CSI: NY, desta vez com a série Arquivo Morto (Cold Case). O Detetive Scotty Valens (Danny Pino), da equipe de Lilly Rush (Kathryn Morris) na Filadélfia, vai à Nova York investigar um caso envolvendo o passado de Stella Bonasera. O episódio acontece na terceira temporada de CSI: NY com o título de “Cold Reveal“.

O criador da franquia Anthony E. Zuiker, em um documentário sobre as séries, diz que o sucesso das mesmas tem relação com os ataques de 11 de setembro. “As pessoas buscavam em nós um conforto. Havia um senso de justiça em CSI: Investigação Criminal – ele ajudava a saber que havia gente como nossos personagens por aí ajudando a solucionar crimes. E, é claro, o 11 de Setembro era a maior cena de crime do mundo.” O sucesso estrondoso da franquia rendeu não só um episódio dirigido por Quentin Tarantino (o episódio em duas partes Grave Danger, da 5ª temporada de CSI: Investigação Criminal, onde Nick Stokes é enterrado vivo e a equipe de Grissom corre contra o tempo para descobrir onde ele está e resgatá-lo), como também a exploração da mesma em outras mídias gerando revistas em quadrinhos, livros e videogames. Entretanto, esse sentimento foi perdendo a força ao longo dos anos, tanto é que a decisão da CBS de cancelar CSI: Cyber veio após uma pesquisa de audiência onde grande maioria dos telespectadores responderam que, para eles, não fazia diferença alguma a série estando no ar ou não, o que sacramentou de vez o fim da Era CSI na TV. Resta saber se os criadores vão dar mais uma chance à franquia apresentando um novo spin off ou se vão seguir em frente com novos projetos. Só o tempo dirá.