Transformers: O Filme é considerado um “divisor de águas” na cronologia da série animada da década de 1980. Ele não só introduz um novo elenco de robôs tanto do lado dos Autobots como dos Decepticons, como também apresenta o conceito da Matriz da Liderança na mitologia e dá um novo rumo para as temporadas seguintes do desenho.
Com recém-completados 30 anos de lançamento, o filme mostra Megatron e os Decepticons dando a investida final para derrotar Optimus Prime e os Autobots enquanto ambos têm que lidar com uma nova ameaça no universo: Unicron, um planeta-monstro que devora tudo em seu caminho e está seguindo em direção a Cybertron, planeta natal dos robôs.
Com roteiro assinado por Ron Friedman, a ideia da Hasbro com o filme era uma só: introduzir novos personagens na mitologia e, consequentemente, colocar novos brinquedos nas prateleiras das lojas. Para isto, o roteirista teve que “eliminar”, por assim dizer, diversos robôs ao longo do filme. Como a produção foi feita antes da série animada fazer sucesso a ponto dos fãs terem seus preferidos, diversos personagens queridos foram forçados a deixar a história de forma abrupta, sem dar spoilers, claro. E isso tudo durante a primeira meia hora de filme! A morte de alguns desses robôs deixou as crianças, na época, tão traumatizadas que a Hasbro chegou a receber milhares de cartas bem malcriadas dos pais destas crianças e foi obrigada a ressuscitar algumas das baixas ocorridas no longa, além de ter que repensar todo seu projeto do longa-animado da franquia G.I. Joe. A parte curiosa é que foram justamente as mortes ocorridas no filme que o fizeram se tornar um ícone, não só da mitologia dos Transformers como também da cultura pop de um modo geral.
O investimento neste longa foi pesado quando se fala no elenco de vozes. Grandes nomes da cultura pop como humorista britânico Eric Idle, conhecido por seu trabalho em Monty Python, e Leonard Nimoy, mundialmente conhecido por interpretar o Sr. Spock da série Jornada nas Estrelas, fazendo as vozes do líder dos Junkions Wreck-Gar e do Decepticon Galvatron, respectivamente. Além deles, temos no elenco Judd Nelson fazendo a voz do Autobot Hot Rod. Na época, o ator estava no auge de sua carreira, por seu papel em Clube dos Cinco e por ser parte do chamado Brat Pack, nome dado ao grupo de jovens atores que eram figurinhas certas nas produções cinematográficas para adolescentes na década de 1980. Além deles, temos no rol de estrelas o consagradíssimo Orson Welles fazendo a voz de Unicron. Vale lembrar que Transformers: O Filme foi o último trabalho de Welles, o qual o próprio ator declarou que odiou fazer. Apesar de tudo, o longa teve um desempenho que deixou muito a desejar nas bilheterias. Foi só sua redescoberta em suas exibições na TV e com o lançamento em VHS nos anos subsequentes que o filme ganhou status de ícone pop.
O filme levou dois anos para ser produzido e tem uma pegada bem mais profunda e intensa do que os episódios das temporadas que antecedem seu lançamento. Além disso, ele tira os personagens do eixo Terra-Cybertron e leva a diversos pontos da galáxia fazendo do longa uma grande aventura no espaço. A história é ambientada no ano de 2005, vinte anos após o final da segunda temporada e ela já mostra os Autobots devidamente instalados na Terra, agora vivendo em uma cidade erguida exclusivamente para eles: Autobot City. Tanto Optimus Prime como Megatron estão decididos a pôr um fim na guerra civil milenar entre as facções que ambos lideram. Inclusive, a sequência da luta entre os dois líderes é o ponto máximo do filme. Vale destacar também a trilha sonora, tanto a instrumental, que ficou a cargo de Vince DiCola, como a trilha cantada cujas canções são o mais puro rock’n’roll da época contando com nomes como a banda Kick Axe (com o pseudônimo Spectre General), Weird Al Yankovic e Stan Bush, que ficou responsável pelas duas músicas mais icônicas do longa: “The Touch” e “Dare”.
Transformers: O Filme foi, sem dúvida, um filme que marcou época, não só por ter introduzido os primeiros brinquedos da linha com design totalmente novo, sem serem reedições de antigas linhas de brinquedos japonesas, mas também por direcionar a série animada para um novo rumo e virar o elemento central na cronologia da série clássica. A narrativa e o roteiro diferenciados da série e o visual mais trabalhado fizeram com que o filme se tornasse uma das experiências mais marcantes dos fãs da franquia e lembrado com muito carinho até hoje, trinta anos depois.
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