Caça-Fantasmas (1984), Ivan Reitman.
No último mês de julho, a franquia Caça-Fantasmas foi o centro das atenções e discussões envolvendo o lançamento de seu reboot. A razão da polêmica é bastante compreensível (mas não se justifica, que fique bem claro): o filme é um dos grandes ícones da cultura pop dos anos 1980. Simples assim. Para corroborar com isso basta dizer que é o filme da Columbia Pictures que mais faturou em bilheteria e está entre as 40 maiores bilheterias da história do cinema. Entretanto, Os Caça-Fantasmas não se resume a números e cifras. É algo bem maior.
Escrito por Dan Aykroyd e Harold Ramis, que também interpretam dois dos quatro protagonistas, a ideia do filme veio inspirada na família de Aykroyd, que é adepta do espiritismo. O filme em si foi sofreu inúmeras mudanças desde sua concepção até sua edição final. O primeiro esboço do filme era algo bem mais sombrio e mais sério, se passaria num futuro quando havia várias equipes de Caça-Fantasmas, os personagens usariam fardas semelhantes às usadas pelo BOPE e suas armas seriam varinhas de condão. Além disso, o Ecto-1 seria um carro-fúnebre preto e a equipe seria composta por três membros, dentre eles um personagem que seria interpretado por Eddie Murphy, que acabou recusando o papel para protagonizar Um Tira da Pesada (Beverly Hills Cop). Dentre as curiosidades, pode-se dizer que, na maioria das cenas, os diálogos foram completamente improvisados, o que acabou rendendo a inclusão de diversas falas dos personagens na lista das 100 Frases Mais Icônicas da História do Cinema.
O filme em si tem uma pegada bem interessante que mistura comédia com cinema de fantasia e ficção científica, dois elementos que marcaram bastante boa parte das produções cinematográficas de sucesso da época. Uma coisa a se destacar são os efeitos especiais. É bom lembrar que se trata de uma produção da década de 1980, uma época em que tecnologia de computação gráfica era praticamente inexistente, e mesmo assim, a maior parte dos efeitos ainda é bastante convincente. Isto associado a personagens carismáticos com quem o público facilmente se identifica e uma música-tema que, até hoje, se tocar em qualquer festa, todos vão querer dançar: sucesso garantido. Os Caça-Fantasmas não só rendeu uma continuação, como também duas séries animadas, um mundo de memorabílias e uma legião de fãs tão fiel que chegam ao ponto de criar divisões de Caça-Fantasmas nas cidades onde moram.
O que torna Os Caça-Fantasmas um filme tão especial é justamente a mensagem que o filme deixa. A metáfora, até um tanto óbvia, que os fantasmas representam no filme é uma só: o medo. O filme deixou um recado para uma geração que vivia com medo de uma hecatombe nuclear iminente por conta da Guerra Fria através da imagem de quatro pessoas comuns que enfrentam seus medos. E não só isso, durante toda a história, os heróis passam por inúmeros obstáculos, desde a expulsão da zona de conforto que eram suas aulas na universidade até o embate com a Agência de Proteção Ambiental, isso tudo em meio à batalha contra a ameaça fantasmagórica sobre a cidade de Nova York. No fim das contas, o filme diz para você aquela frase motivacional que volta e meia circula por aí nas mídias sociais e que em diversos momentos cruciais da nossa vida precisamos ouvir para seguirmos adiante: “Vai. E se der medo, vai com medo mesmo.” Ou seja, toda vez que você estiver diante de uma situação difícil, em vez de se deixar dominar pelo medo, vista seu macacão cáqui, coloque sua mochila protônica e vá à luta!
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