A Esposa (2017), Björn Runge.
Glenn Close é a esposa do título, excepcional ao representar uma mulher em viagem para Estocolmo ao lado do marido, que acabou de ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Enquanto ele se prepara para receber o prêmio, Joan questiona suas escolhas de vida. Durante os 40 anos de casamento, ela sacrificou seu talento, sonhos e ambições, para apoiar Joe e sua carreira literária. Quando é assediada por um jornalista interessado em escrever uma biografia escandalosa sobre seu marido, Joan acaba desencavando segredos do passado e precisa lidar com a crise que atinge seu casamento.
O grande poder de A Esposa é justamente o fato de trabalhar sua história a partir de um ponto de vista secundário, no caso, o de Joan. Ela é tratada como alguém que se colocou em segundo plano por causa do marido e é isso que dá força para sua narrativa, especialmente à medida que ela vai se dando conta disso e dos sacrifícios feitos em nome desse casamento. Close tem um brilho próprio ao retratar as emoções conflitantes de Joan, os gestos sutis e ponderados, os olhos sempre muito expressivos.
Contrapõe-se à performance narcisista de Jonathan Pryce, igualmente excelente. Se num dado momento, suas manias parecem adoráveis, logo seus excessos tornam-se cansativos e irritantes. A construção do conflito entre mulher e marido, aos poucos, nos faz entender o porquê da angústia de Joan. Ele não é um homem tão grandioso quanto parece à primeira vista, e isso é o que faz Joan questionar se valeu a pena colocar sua própria grandeza de lado em prol da suposta grandeza dele.
Adaptado do romance de 2003 de Meg Wolitzer, A Esposa alterna entre flashbacks para mostrar como o casal se conheceu e como chegou ao ponto crítico em que se encontra atualmente. É tudo conduzido de maneira simples e elegante pelo diretor sueco Björn Runge. Ele constrói duas histórias a partir de um único ponto de vista. Ainda que seja um filme sobre a dor de um casamento em crise, A Esposa eleva pouco a pouco Glenn Close ao primeiro plano, sem tirá-la de sua posição inicial, mantendo até o fim a graça e a sutileza de sua perspectiva. O final é marcante.
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