A dura realidade do live-action brasileiro?

Turma da Mônica

Turma da Mônica

A galera anda zoando com as memórias da minha adolescência num nível que eu tenho sentido o peso da idade só de olhar o papel que os atores da minha geração andam fazendo em produções atuais.

A vida inteira sonhei com um filme da Turma da Mônica. Praticamente aprendi a ler por conta dos gibis do Maurício de Souza. Toda semana eu ia atrás de alguma historinha nova, carregava as revistas na mochila pra ler na hora do recreio da escola e nas férias rolava pelo menos um almanaque pra ajudar a passar o tempo.

Nunca curti muito quando faziam desenho animado baseado nas revistinhas porque achava que a versão impressa era muito mais legal e as dublagens da animação não me agradavam.

Chegamos em 2019 e com ele a febre dos filmes live-action. Graças a essa moda, vou ser obrigada a abrir uma exceção nos meus preconceitos e assistir a um filme de animais falantes porque esse Rei Leão é a coisa mais fofa do mundo. Só que a moda também chegou no Brasil e a nossa principal referência de clássico infantil no país é justamente quem? Sim, a Turma da Mônica.

Bora fazer live-action da turminha? Bora então. Pega um diretor bom, vamos caçar umas crianças parecidas com os personagens. Vai ficar legal, eles disseram. Veja bem, não estou aqui para discutir a qualidade do filme, até mesmo porque eu não posso julgar já que ainda não assisti. Eu estou aqui para dividir com vocês o banho de água fria que me deram e que me deixou desgraçada da mente sem entender até agora como lidar com isso: os pais das crianças.

Se o Rodrigo Santoro tá fazendo o papel do Louco e ficou legal, palmas pra ele. O cara tem essa vibe de se despir da pinta de galã, entrar no personagem, carreira internacional: ponto pro Santoro, tamo junto, acredito em você, cara.

O meu ponto aqui é que precisamos falar sobre Paulo Vilhena.

Na década de 90, já adolescente, substituí os gibis pela revista Capricho. E quem era o cara que mais aparecia por lá? Sim, o Paulo Vilhena. Passei a colecionar as capas em que ele aparecia. Não é que o moço virou ator? E lá fui eu ver Sandy e Junior toda manhã de domingo pra acompanhar meu crush na telinha.

Depois disso, uma sucessão de novelas, carreira construída, ciúme das garotas que ele namorou (um beijo, Sandy!)… e eu lá firme e forte seguindo fã.

Veio a era da tecnologia, Instagram, Stories, segue o cara, vê o que ele posta… todo dia…

E foi lá no Instagram do Paulinho, antes mesmo de começar a divulgação do filme da Turma da Mônica, que meu mundo caiu. Como assim meu crush da adolescência faria o papel de SEU CEBOLA?

Você tem noção do que é ver teu ideal masculino com a roupa e o cabelo do Seu Cebola? Eu comecei a questionar muita coisa na minha vida. Foi difícil entender que sim, fazia sentido pela idade. Paulinho poderia ser pai do Cebolinha sem o menor problema. Aí caí na real que eu também poderia ser a mãe do Cebolinha, que o Paulo Vilhena é só 4 anos mais velho do que eu e que todos os meus ídolos já estão na casa dos 40/50.

Doeu um pouquinho, confesso. Mas doeu mais ainda na minha libido ver a caracterização do Paulo Vilhena pra encarar o Seu Cebola. Tentaram reproduzir os 5 fios de cabelo fielmente e o que ficou foi uma peruca estranha que tirou definitivamente o último suspiro de colírio Capricho que tinha por ali.

Valeu a pena? Não sei, como falei, ainda não vi o filme porque faltou coragem. No final das contas, o importante é que mesmo com o meu crush de adolescência agora quarentão, ainda deixo o pôster dele escondido no fundo do armário numa tentativa de manter pelo menos o espírito jovem, já que o joelho não anda ajudando muito.