Ah, Dark, se todas fossem iguais a você...

Dark

Dark acabou. Mas pra mim o fim foi também o começo. Não, isso não é mais um trocadilho filosófico de espaço/tempo, mas sim uma constatação de que pela primeira vez eu consegui entender uma trama de viagem no tempo.

Quem leu esse texto aqui que eu fiz há um tempo falando sobre a minha dificuldade com a compreensão de viagens no tempo e coisas simples como fuso horário, vai entender a minha felicidade e a importância desse momento. Eu achei que Christopher Nolan havia dado o nó final no meu cérebro com Interestellar e que jamais minha compreensão sobre essas questões seria possível, mas vieram "os alemão" pra mudar a história.

Eu fiz uma escolha arriscada e talvez acertada com Dark. Lá em 2017, quando a série lançou e só se falava dela, eu achei por bem ignorar. Até tentei assistir ao primeiro capítulo, mas alguma coisa não encaixou na hora e deixei rolar. Toda hora a Netflix me dava um alô indicando a série mas eu fingia que não via porque não queria lidar com aquela frustração. Foi tanto desprezo que entrou a segunda temporada e eu nem tchum… Daí veio pandemia, lançamento da terceira temporada e muitos memes com a data do apocalipse prevista na série, que calhava de cair no meio desse caos todo que estamos vivendo. A curiosidade bateu, o medo de levar spoiler foi grande e eu resolvi ceder. Então quando eu digo que a escolha foi acertada é porque eu vi tudo de uma vez, sem intervalo entre temporadas, o que facilitou muito o meu entendimento.

Imagina esperar um ano depois de um cliffhanger sinistro e ainda ter que lembrar toda a árvore genealógica da cidade e as épocas que aparecem na série? Fora que da primeira pra segunda temporada a coisa vai escalonando de um jeito que em determinado momento você não sabe nem que você é. Tenho certeza que se tivesse assistido com os intervalos das temporadas, já teria largado, mas a esperança de resolver tudo rápido com uma maratona me fez continuar.

Então eu insisti. Fui indo no meu tempo. Descobri que assistir a mais de dois episódios da série no dia era muito pesado, muito por conta da trama densa que ia dando um nó na cabeça e também a pouca luz da série, que apesar de colaborar muito pra contar a história também te transporta pra um estado constante de melancolia. Além disso, você começa a ter as mais variadas reflexões sobre a vida e nossa relação com o tempo, fica admirando a fotografia, a trilha, cada detalhe do que pra mim pode ser considerada uma obra de arte e isso leva (olha ele aí) tempo.

Mas o maior acerto de Dark foi explicar sem ser piegas. E foi aí que a série me abraçou. A partir do 6º episódio da terceira temporada, aquele fio complexo vai se desenrolando até um último episódio que beira a perfeição. E como num passe de mágica, eu entendi TUDO.

Então eu tô aqui pra dizer: chupa, Christopher Nolan! Pode vir com seu Tenet que eu tô pronta pro desafio.

E Dark, te amo, obrigada por me deixar acreditar que é possível viajar no tempo sem me perder.