Lockwood & Co. (2023), Joe Cornish.
Ouça sobre o filme: podcast
Uma série britânica que conta uma história que se passa numa versão alternativa de Londres em que o mundo está sendo assolado por uma espécie de apocalipse (que é meio que uma pandemia também) chamado O Problema. O mundo foi infestado de fantasmas que matam as pessoas que tocam e toda a sociedade se readaptou a esse processo, de modo que foram criadas agências para caçar os fantasmas. E essa é basicamente uma história sobre fantasmas e caça-fantasmas. Só que o maneiro da história são seus protagonistas, que fazem parte de uma destas agências, mas eles não são supervisionados por adultos. A agência Lockwood & Co. é formada por Lucy Carlyle, Anthony Lockwood e George Karim, três adolescentes que se autoadministram, cuidam da agência e caçam fantasmas. Os protagonistas dão todo um charme. São despojados, divertidos, cheios de impetuosidade e conflitos, mas ao mesmo tempo, são carismáticos e constroem uma relação de amizade envolvente entre eles. Sendo que eu deixo aqui um destaque para a Lucy da Ruby Stokes que é uma personagem sensacional. Ela é a alma da série.
Lockwood & Co. é inspirada em uma saga de cinco livros do Jonathan Stroud publicada a partir de 2013 e a primeira temporada adaptada os dois primeiros livros. O mais divertido da história é justamente o fato de focar no trio de adolescentes e na questão de eles serem independentes. Porque os adultos tentam controlar as atividades da equipe, só que estes adolescentes são sagazes, conseguem realizar o trabalho e conseguem lidar com as problemáticas envolvendo os adultos. É basicamente uma história de fantasia para jovens adultos, que não tem tanto a pegada habitual do gênero.
Uma sacada muito boa da série é que não gasta tempo apresentando o cenário ou contando como as coisas chegaram aonde chegaram. Isso tudo já aparece na abertura numa espécie de sequência temporal que vai mostrando manchetes de jornais e reportagens de tv que explicam rapidamente como ocorreu o Problema, inclusive mostrando que houve um baque econômico que provocou uma crise tecnológica que estagnou os avanços na área da ciência e da tecnologia. Isso é outra coisa muito maneira da série. Porque a vibe do cenário é totalmente anos 80, apesar de ser o mundo moderno. A tecnologia está parada no tempo, as coisas funcionam de maneira antiquada e a própria cultura se manteve meio antiquada, uma vez que na série se combate os fantasmas usando ferro, sal, prata e outros elementos típicos de superstições. E por causa disso, os personagens andam com espadas, sabres e correntes pelas ruas para combaterem os fantasmas. Duelos de espada são comuns, com direito a duelistas de sobretudo, floreios acrobáticos e bravatas dignas de uma história de capa e espada, e isso torna tudo a série ainda mais divertido.
Outro destaque é que os próprios personagens principais vivem numa espécie de casa mal-assombrada cheia de segredos, o que favorece bastante o aspecto investigado. E a série tem um estilo bastante investigativo, de maneira que todos os esforços da sociedade se voltaram para combater os fantasmas e resolver o Problema e, ao mesmo tempo, muitos exploram social, política e economicamente o Problema de uma maneira que talvez não queiram que o Problema seja realmente resolvido. Há muitos mistérios, reviravoltas e segredos a serem descobertos. Tudo com muita ação, fantasia urbana e bom humor. Um grande mérito para o Joe Cornish, que é diretor, escritor e produtor e é um cara que sabe lidar muito bem com essa temática de sobrenatural adolescente, vide o filme dele Ataque ao Prédio de 2011 que é sensacional. Lockwood & Co. é uma série cheia de coisas boas, inteligente e com um cenário fantástico. Recomendo fortemente. Me empolgou pra caramba e tô torcendo muito para que tenha mais temporadas, porque ainda faltam três livros para serem adaptadas.
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