O Resgate

O Resgate (2020), Sam Hargrave.

Ouça sobre o filme: podcast

Um filmão de ação. Tyler Rake é um mercenário recrutado para resgatar o filho de um chefão do crime da Índia sequestrado e levado para Dhaka, Bangladesh. Mas a missão dá errado e ele se vê perseguido em uma cidade sitiada por criminosos.

Devo dizer que vou abordar aqui um pouco da dinâmica do filme, então é provável que eu fale algum spoiler. Por isso, considere que tem spoiler e volta para ler depois que assistir ao filme.

O Resgate é um filme de ação com Chris Hemsworth, o Thor dos Vingadores, e em geral, ver os filmes dele já vale a pena, porque ele é um ator muito carismático e divertido. Mas o filme também é muito bom. O filme tem uma cara um pouco dos filmes de ação dos anos 70, em que não se usava tanto efeitos visuais e computação gráfica, quando era tudo muito mais físico e baseado na coreografia, nas cenas de luta, nas perseguições. O filme foca muito nisso. Tanto que há uma cena que é espetacular, um plano sequência que dura 12 minutos de uma perseguição de carro que combina em luta mano a mano na rua, luta de faca, luta com armas. A cena é realmente muito bem-feita. O filme como um todo é muito bem dirigido, muito bem conduzido.

A história termina de uma maneira meio ambígua, mas, como filme de ação, funciona muito bem. Uma curiosidade sobre o filme é que, na verdade, é baseado numa HQ chamada Ciudad do artista Andy Parks junto com os Irmãos Russo, que dirigiram Vingadores. E eles trabalharam também para produzir, desenvolver e escrever o roteiro do filme. O Joe Russo junto com Andy Parks escreve o roteiro do filme da Netflix, que é dirigido pelo Sam Hargrave, em sua estreia como diretor. Hargrave já trabalhou durante anos como dublê, inclusive trabalhou com os Irmãos Russo. O trabalho dele como dublê fica bastante evidente pela forma como ele conduz as cenas de ação. Ele tem uma boa visão... eu diria até que ele tem uma boa mira... porque uma cena em que uma das personagens dispara um foguete em um helicóptero é sensacional! Isso sem contar o que já falei sobre os 12 minutinhos lá de plano sequência.

O filme, na verdade, muda um pouco a dinâmica da história em relação à HQ, porque a HQ se passa na Cidade do Leste, no Paraguai, por isso que o nome dela é Ciudad, e o filme leva a trama para Bangladesh, porque os realizadores queriam contar uma história de ação num outro lugar, um lugar que não tivesse sido tão abordado ainda em outros filmes de ação. Bangladesh é uma boa escolha nesse sentido, porque é uma cidade que acaba criando uma mística interessante.

Cabe também falar um pouco sobre o final do filme, o clímax. Sem entrar em tantos detalhes, mas falando um pouquinho aqui... o final deixa meio ambíguo o destino do Tyler Rake, que é o personagem do Chris Hemsworth. Não fica muito claro o que aconteceu com ele. De acordo com o diretor, Sam Hargrave, o desfecho do Chris Hemsworth no roteiro era para não ter volta. Só que eles mudaram pra deixar a história mais ambígua. Justamente pela possibilidade de, de repente, fazer uma continuação. E realmente foi feita uma continuação, que saiu em 2023.

O filme, de fato, dá muita margem para uma continuação, porque o personagem do Chris Hemsworth é um mercenário que pode ser contratado pra qualquer tipo de missão em qualquer tipo de lugar. Tyler Rake é um personagem muito maneiro que vale a pena de se acompanhar. Por isso, recomendo fortemente O Resgate. É um filme de ação muito bom.