Noites Brutais (2022), Zach Cregger.
Ouça sobre o filme: podcast
Noites Brutais é o primeiro trabalho solo do diretor e roteirista Zach Cregger. A história começa com uma situação embaraçosa e inesperada, que se transforma em algo extremamente bizarro e sinistro. Tess, uma jovem pesquisadora, aluga um Airbnb em Detroit para uma entrevista de emprego. Ao chegar, descobre que o local já está ocupado por Keith, outro hóspede que também alugou o imóvel. Ele a convida para entrar e passar a noite, criando uma situação constrangedora entre os dois. Aos poucos, essa tensão ganha novos contornos, e é nesses contornos que Noites Brutais se constrói maravilhosamente.
Uma coisa que inevitavelmente pode se falar sobre esse filme é que ele é ousado. O filme estabelece sua premissa no primeiro ato com um suspense psicológico crescente. Quando a tensão atinge o ápice, a narrativa muda abruptamente para um segundo ato com estilo e ponto de vista completamente diferentes. À medida que esse segundo ato avança, a história muda novamente de foco, tom e estilo, com um terceiro ato de premissa distinta.
Essa oscilação também afeta os gêneros explorados. Aos poucos, vamos conhecendo a história do local do Airbnb, o bairro arruinado de Brightmoor, em Detroit, que sofreu forte degradação urbana ao longo dos anos. Conforme os fatos se revelam, somos levados aos acontecimentos bizarros que constroem a atmosfera e a tensão entre os personagens.
Enquanto aborda algumas temáticas relevantes, como relacionamentos tóxicos, misoginia, trauma e os efeitos duradouros do abuso, o filme vai traçando paralelos entre os protagonistas e os antagonistas. A linha entre mocinhos e bandidos é borrada, criando uma ambiguidade moral instigante, de uma forma que às vezes até me lembrava de Mártires, um filme de terror franco-canadense de 2008 que eu gosto pra caramba e que é um terrorzão. Noites Brutais é um filme de terror fantástico e tenso, que é muito bom porque sabe ser várias coisas ao mesmo tempo.
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