Filmes demais... mas com amor

Filmes Com Amor

Começou lá na infância, com Sintonia de Amor. A Carol de 10 anos se encantou com uma Meg Ryan se apaixonando perdidamente por um Tom Hanks em Seattle, sem nunca tê-lo visto pessoalmente. E foi ladeira abaixo.

Primeiro todos os filmes que traziam a mesma Meg Ryan, depois Winona Ryder, Sarah Michelle Gellar e Julia Stiles. Ah, Julia Stiles… se você soubesse o que Dez Coisas que eu Odeio em Você causou nas nossas cabeças adolescentes e o tanto que sonhamos com um Heath Ledger em nossas vidas… Mas não parou por aí, porque a Kate Hudson, a Sandra Bullock, a Katherine Heigl e até a Kate Winslet contribuíram pra essa farsa do amor romântico, do “meet cute” e todos esses contos de fadas que as comédias românticas pregaram ao longo dos anos.

Aos 35 anos, casada, já bem escolada na realidade e nos boletos compartilhados que a vida adulta conjugal nos apresenta, a Netflix conseguiu com A Barraca do Beijo me trazer de volta para aquele mundo high school, galã do colégio, beijo na chuva e todos os clichês que eu nunca vi acontecer no meu universo particular. Proibi minha irmã mais nova de assistir, mas era tarde, Jacob Elordi já havia deixado sua marca.

Se beijei na chuva, foi debaixo de reclamação que meu cabelo ia ficar uma merda. Ninguém nunca correu atrás de mim no aeroporto em cima do voo fechar. Não ganhei serenata debaixo da janela e a única carta anônima que chegou foi da minha tia que ficou com pena de mim em um dia dos namorados qualquer em que eu estava solteira. Mas não estou reclamando de nada, querido leitor. A minha vida amorosa sempre foi bem movimentada e mais pra suspense e drama do que comédia romântica e se tenho alguma queixa é em relação aos roteiros encantados e tão fora da realidade dos filmes que formam nosso caráter. Por que os contos de fada terminam no dia do casamento e não mostram o que rola depois? Ia ser lindo ver a Meg Ryan chegar pro Tom Hanks e lançar um “e aí, queridão? É sério que a toalha molhada vai ficar largada na cama?”, ou a Julia Stiles injuriada porque o Heath Ledger (que Deus o tenha) não consertou alguma coisa que ela estava pedindo há 6 meses, sendo que ele fazia aula de marcenaria na escola.

E aí a gente corta para o cinema europeu e seu choque de realidade. Os casais brigam normalmente, os diálogos são cortantes, verdadeiros, as cenas de sexo menos plásticas e mais viscerais e você entende que a vida de fato pode ser um filme, mas que se for falada em espanhol ou francês, aí sim vira um filmão. Parece que na Europa o amor é mais sincero, o mimimi das relações não existe e se um casal quiser ficar junto, eles vão ficar, independentemente da forma como o relacionamento se construa, ou seja, quer seja a amante ou a fiel, a coisa flui naturalmente e, organizando direitinho, todo mundo transa. E transa mesmo.

Então a lição que fica, meu amigo, minha amiga, é que por mais que a Meg Ryan seja fofa e a Kate Hudson uma graça, falta uma pimentinha ali pra fazer a coisa acontecer de verdade. Um tempero que transforme a Sessão da Tarde em Tela Quente e explore as reais possibilidades de uma vida a dois. Fica a dica: nesse mês dos namorados, mais Javier Bardem e menos Matthew McConaughey em nossas vidas.