Blade Runner 2049

Blade Runner 2049

Blade Runner 2049

Blade Runner 2049 (2017), Denis Villeneuve.

Ouça sobre o filme: podcast

Mesmo depois de 35 anos, Blade Runner ainda é Blade Runner. Ainda tem o mesmo cenário perturbador e envolvente, com sua megalópole escura, suja e chuvosa, seus olhares perdidos, seus testes psicológicos invasivos e seus dispositivos futuristas que acenam para o retrô. É um filme estiloso, o mesmo estilo cyberpunk fantástico que Ridley Scott emplacou em 1982, e ainda é uma história sobre identidade, memória e a decadência da humanidade.

A melhor coisa é que não é uma reciclagem ou um reboot. É uma continuação em sua melhor forma, que pega os temas originais como base para construir seus próprios temas e conceitos. Como um bom cyberpunk, é um filme muito atual, que usa ideias futuristas para abordar questões e problemas do presente (como o desespero para conhecer a si mesmo e quem você é no mundo, relacionamentos fluidos e a dificuldade de se relacionar com o real, o perigo de se esquecer do que o passado tem a ensinar, dentre outras coisas).

Ainda assim, precisamos concordar... a Joi é uma coisa linda! (Mesmo que eventualmente seja subvertida pelas demandas capitalistas por trás de sua existência.) Quem não gostaria de ter uma Joi como a parceira do K? A relação entre eles pode não ser tangível, mas é adorável!

O filme ainda é excelente na forma como desenvolve a ideia do “escolhido” ao mostrar que a pessoa que pode mudar o mundo não necessariamente precisa estar no centro da luta travada para mudar o mundo. E ter o retorno de Deckard é um triunfo à parte.

Villeneuve utiliza as bases do primeiro filme para construir suas próprias ideias e concede uma identidade única a Blade Runner 2049, sem destruir ou desacreditar a história anterior. Como o próprio filme ensina, é importante se lembrar das lições que o passado tem a ensinar, e é um fato que Villeneuve se lembra. Embora seja um filme modernizado, ainda mantém um enorme respeito pelos conceitos que deram vida ao original. Por isso, é tão bom. Porque fez evoluir naturalmente o que veio antes. Vale a pena também ver os três curtas que contam histórias sobre o que aconteceu entre os dois filmes (veja aqui).

Blade Runner 2049 é um filme grandioso, inteligente e profundo. Uma das melhores continuações já feitas na história do cinema – e isso por si só já é uma tremenda vitória!