Wicked (2024), Jon M. Chu.
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Uma adaptação de uma adaptação de uma adaptação, que é maravilhosa do início ao fim. O filme na verdade é inspirado no famoso musical Wicked da Broadway, feito em 2003, que inclusive já foi exibido aqui no Brasil algumas vezes. O musical, na verdade, é inspirado num livro de 1995 de Gregory Maguire, que aqui no Brasil foi publicado pela Ediouro com o título Maligna, o livro que eu tenho aqui casa e pelo qual sou apaixonado. Eu gosto muito dessa história, que reconta a trajetória da grande antagonista e vilã do Mágico de Oz, a Bruxa Má do Oeste.
Tanto no livro quanto no musical, a história é focada na Elphaba, nome que a Bruxa Má do Oeste recebe aqui, desde a sua juventude até sua ida para a universidade, onde ela convive com a Galinda, que em Mágico de Oz é conhecida como Glinda, a Bruxa Boa. As duas, aos poucos, vão construindo laços de confiança e amizade, mas também há muitas amarguras e rancores que vão se somando na trajetória da Elphaba até o ponto de ela se tornar a Bruxa Má do Oeste. Por ter nascido com uma pele verde, ela é ostracizada e sofre muito preconceito. Wicked vai explorando a questão do ostracismo social e dos dramas da juventude até o ponto da Elphaba se tornar uma pessoa amargurada e cheia de raiva.
O livro do Gregory Maguire tinha como principal objetivo explorar a natureza do mal e como o mal vai se construindo ao longo do tempo, apresentando como uma pessoa pode se tornar má com o passar do tempo. O musical carrega bastante dessa mensagem também e vai se construindo em cima da relação entre a Elphaba e a Galinda. No filme, elas são interpretadas pela Cynthia Erivo e pela Ariana Grande, as duas maravilhosas em seus papéis, tanto em termos de performance como em termos de canção, porque as duas cantam muito. A Erivo passa toda a vulnerabilidade e força da Elphaba de uma forma fantástica e, ao mesmo tempo, é arrasadora. O drama da personagem, pelo fato de ela ser incompreendida e ela sofrer com o ostracismo, é um ponto que torna a história de Wicked ainda mais poderosa e envolvente.
A Cynthia Erivo é fortemente equilibrada pela Ariana Grande, que também se mostra excelente com uma personagem que é egocêntrica, mas não é tão ruim, apesar da maneira como a construção vai sendo feita. A Galinda explora aspectos nocivos de personalidade para ir mostrando conceitos relacionados ao aprendizado, à maturidade, ao crescimento e, sobretudo, como uma pessoa pode crescer e se tornar uma pessoa mais legal apesar das falhas e dos erros que pode cometer pelo caminho. Cabe ressaltar que, além das duas protagonistas, há ainda um elenco muito bom ao redor delas, que contribui bastante para o desenvolvimento do filme, incluindo Michelle Yeoh, Jeff Goldblum e Peter Dinklage.
Wicked sabe misturar muito bem um cenário colorido e radiante com momentos de emoção, humor e muita empolgação, de uma forma que, inclusive, lembra bastante o filme clássico do Mágico de Oz de 1939 da MGM, bastante conhecido pela Judy Garland e seus sapatinhos de rubi. O diretor Jon M. Chu se mostra muito seguro com essa adaptação de Wicked, e ele é um diretor que eu gosto bastante, responsável por um dos filmes que eu mais gosto dos últimos anos: Podres de Ricos, uma comédia romântica maravilhosa de 2018. Wicked é igualmente maravilhoso. Uma belíssima recontagem da história da Bruxa Má do Oeste.
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